Ocupação em São Carlos

Alunos liberam prédio da Prefeitura do Campus após negociação
Foto: Ocupação - USP São Carlos
Foto: Ocupação – USP São Carlos

Terminou no dia 29 de outubro a ocupação da prefeitura do campus de São Carlos (PUSP – SC), iniciada no dia 15 pelos estudantes. Entre as reivindicações, estavam a contratação de funcionários para suprir o quadro do restaurante universitário, a efetivação de vagas na creche de São Carlos de acordo com a demanda e também o posicionamento dos diretores institucionais do campus contra a terceirização dos serviços de permanência.

A decisão pela ocupação veio após uma reunião do Conselho Gestor do Campus, no dia 15/10, onde os alunos, em plenária, votaram pela medida. O objetivo era pressionar a Prefeitura por um diálogo maior e garantir que as reivindicações fossem atendidas. Com o agravante da parada do oferecimento de jantar no campus devido à precarização do quadro de funcionários, o movimento contou com o apoio de estudantes mobilizados e dos interessados à pauta da terceirização. Segundo representantes do movimento, os alunos que não estavam mobilizados, estavam dispostos ao debate: “Logicamente nem todos os alunos são de acordo com a ferramenta, mas isso não exclui nosso direito de usá-la e avaliá-la sempre”, afirmam.

Durante o período da ocupação, também ocorreram outras atividades para os estudantes. Houve produção de vídeos conjunta, plenária sobre representatividade feminina e rodas de conversa com alunos do ensino médio que visitaram a ocupação. O movimento também promoveu um debate com o professor doutor e jurista Souto Maior a respeito da terceirização nos espaços públicos, dentre outras atividades.

No dia 23, ocorreu uma reunião com os dirigentes do campus e os representantes da Ocupação. Eles apresentaram a carta de reivindicações, porém a única medida tomada foi reiteração de uma Comissão, criada anteriormente, composta por alunos, funcionários e docentes, para auditar, analisar e propor soluções para otimizar o desempenho do restaurante universitário do campus.

Segundo representantes da Ocupação, a reiteração da medida, sem o atendimento das demais pautas, impedia uma negociação efetiva que fizesse uma análise do quadro atual da universidade e que garantisse a qualidade no serviço do bandejão, além da burocratização das comissões com participação de alunos e atribuições generalizadas não resultaria em garantias concretas. Em nota, a prefeitura do campus declarou que o diálogo sempre esteve aberto, e que os estudantes “insistiam em tentar impor ao Conselho Gestor a exigência de manifestação política e ideológica contrária a todo e qualquer tipo de terceirização dos serviços, o que evidentemente não podia ser aceito”.

Ainda nessa reunião, foi colocado que seria dado entrada ao pedido de reintegração de posse do prédio da Prefeitura, conforme ordenado pelo Reitor da Universidade. Em plenária emergencial, os alunos decidiram por manter a ocupação e o pedido de reintegração foi protocolado em instâncias judiciarias. Em Nota, a prefeitura do campus declarou que “Não é aceitável que um grupo de menos de uma centena de estudantes decida prosseguir com a ocupação de um edifício de cujo funcionamento regular dependem os serviços de alimentação, transporte e manutenção. O órgão afirma ainda que “Os dirigentes do Campus manifestam, de forma unânime, que não cederão a exigências descabidas e que continuam esperando que prevaleçam o bom senso e o respeito aos interesses de toda a comunidade uspiana”.

No dia 29 de outubro, aconteceu a última reunião de negociação com o Presidente do Conselho Gestor do Campus e demais diretores das Unidades, contando com a presença de três funcionários técnico-administrativos e oito estudantes. Com a posição dos alunos em não desocupar o prédio voluntariamente sem que as reivindicações fossem debatidas, o acordo prosseguiu, e foi elaborado um Termo de Acordo para a Desocupação Pacífica da Prefeitura do Campus, assinado por ambas as partes no dia 30 de outubro, após a vistoria confirmar que a Prefeitura estava em nas mesmas condições de antes da ocupação.
Entre as pautas atendidas, estão o posicionamento favorável do Presidente do Conselho Gestor de São Carlos para que a Creche atenda à demanda que comporta, a efetivação da Comissão de Auditoria do Restaurante Universitário, que tem como objetivo uma solução imediata para o retorno do oferecimento de todas as refeições completas, além de propor melhorias para os processos internos de funcionamento do Restaurante. Também foi firmado o compromisso de que não haverá terceirização antes que esta comissão conclua seu trabalho.

Por Thiago Castro