Especial ECA 50 anos – Eventos celebram cinquentenário

Escola, que já foi palco de resistência na ditadura, relembra sua história

Em homenagem aos 50 anos de sua fundação, a Escola de Comunicações e Artes (ECA) realizará seminários, um evento multimídia e outras comemorações ao longo deste ano, além de abrigar, em setembro, a edição nacional do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.

Apesar do aniversário de fato ser no dia 16 de junho, a programação oficial começa em agosto com seminários que envolverão os oito departamentos da escola.

Diretora Margarida Kunsch relembra história da ECA (foto: Luiza Magalhães)
Diretora Margarida Kunsch relembra história da ECA (foto: Luiza Magalhães)

Em outubro, será realizado, no Sesc Pinheiros, um evento com “a cara da ECA”, como afirma a diretora da unidade, a professora Margarida Kunsch.

“Nossa proposta é envolver professores, ex-alunos, alunos, funcionários e profissionais convidados”, afirmou ao Jornal do Campus. A programação detalhada ainda não foi divulgada.

Por enquanto, já está no ar um site do cinquentenário criado pela Comissão de Memórias da ECA, formada em 2012. Nele, é possível acessar uma linha do tempo com os principais marcos da história ecana, como a morte, em 1975, do jornalista Vladimir Herzog, que lecionou naquele ano na escola.

A ECA foi fundada em 1966, mas as turmas só começaram em 1967 – poucos anos depois do golpe civil-militar de 1964. “Na ditadura, a ECA foi um palco de resistência, por meio de seus alunos, professores e funcionários, vários foram perseguidos”, lembra Kunsch.

Hoje, a diretora acredita que um desafio da escola é avançar na modernização do ensino: “O formato que nós seguimos é muito antigo, as formas de fazer jornalismo, publicidade e artes mudaram”, explica.

“Gostaria de criar um centro multimídia com uso integrado por todos os cursos. Mas, para isso, precisamos de recursos financeiros, infraestrutura e espaço”, completa.

Artes x Comunicação

Os cursos voltados para as comunicações, como jornalismo, relações públicas e biblioteconomia, foram os primeiros a serem criados. A partir de 1970 nascem os departamentos de música, artes plásticas e artes cênicas.

Desde então, diferentes projetos já prometeram unir – como a proposta de uma cúpula de vidro que passaria por cima de todos os prédios – ou separar os departamentos da unidade.

A ideia de um instituto separado, que englobasse as artes e o audiovisual, é antiga, diz o professor Mario Ramiro do Departamento de Artes Plásticas. A discussão foi retomada quando, na gestão de João Grandino Rodas (reitor entre 2009 e 2013), chegou a ser exposto um projeto para a criação de um novo prédio para a escola.

A unidade separada garantiria maior autonomia para a gestão de recursos e um alinhamento com uma formação artística menos especializada, explica Ramiro. “Um instituto também fortaleceria a ideia de que as artes são uma forma de produzir conhecimento perante à instituição acadêmica.”

(foto: Luiza Magalhães)
(foto: Luiza Magalhães)

A “departamentalização” da ECA também é um tema que acalenta discussões entre os alunos. Quando a ex-ecana Lira Alli, formada em 2012, fazia parte do Centro Acadêmico, seus membros questionavam se não deveria existir mais de um órgão do tipo para representar a ampla variedade de demandas dos estu dantes da ECA.

“Começamos a estimular a criação de grêmios nos cursos, para que os alunos pudessem entrar em contato com questões do seu dia-a-dia”, conta.

Nas próximas edições do “JC”, você poderá acompanhar nesta seção mais notícias e histórias sobre a ECA.

 

Por Isabel Seta