2000 e água aborda a crise hídrica

O curta-metragem do projeto 2000 e Água, produzido por seis estudantes de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP foi um dos 5 filmes selecionados para a 5ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, que acontece entre os dias 15 e 29 de junho. O projeto teve como objetivo retratar a crise hídrica a partir do ciclo social da água, que envolve poluição, desigualdade, desperdício, consumo, grandes obras e desapropriações.

O projeto 2000 e água foi produzido pelos estudantes Frederico Gabre, Luiza Guerra, Guilherme Speranzini, Otávio Lino, Nicolas Gunkel e Carolina Santa Rosa, em 2014. Os alunos partiram de histórias de pessoas que vivenciaram uma das fases do ciclo, como moradores da comunidade São Remo, um senhor que recolhe o lixo do rio Atibaia e um paulistano que cresceu nadando no rio Pinheiros.  A ideia surgiu antes que o tema aparecesse com mais frequência nos jornais: “Antes mesmo que a crise hídrica aparecesse na imprensa, a gente já tava vendo as grandes chances da possibilidade de um verão atípico, sem chuva”, explica Frederico Gabre.

O grupo dividiu o projeto em três frentes: no campo, que é onde estão as nascentes dos rios e represas, nas comunidades mais pobres, que sofrem por cortes de água, córregos poluídos e falta de saneamento, e na cidade, a partir da perspectiva do desperdício de água. “Nessa perspectiva, nosso objetivo era humanizar o tema e afastar da frieza com que o ele estava sendo tratado por outros veículos”, Frederico explica.

Para as gravações, o grupo realizou viagens para o interior, como Bragança Paulista, Campinas e Atibaia, com recursos pessoais. A produção foi um processo conjunto, Frederico explica: “Como era a ideia de coletivo, não tem muita autoria individual. Quem tinha mais experiência ajudava os outros”. O estudante conta que o grupo foi muito rigoroso com a parte técnica e os alunos utilizaram equipamentos próprios e do departamento.

O projeto foi criado inicialmente para as disciplinas Projetos em Televisão e Jornalismo Online. “Esse grupo trouxe o tema da crise hídrica, que era um tema bastante em voga naquele momento, e foi um grupo bastante disciplinado”, afirma a professora Mônica Rodrigues, uma das orientadoras. “Foi um grupo que trabalhou muito e o resultado desse trabalho agora vem sido reconhecido fora do curso e da universidade”.

Professora Daniela Oswald (à esq.) e parte dos integrantes do grupo. (Foto: Arquivo/Frederico Gabre)
Professora Daniela Oswald (à esq.) e parte dos integrantes do grupo. (Foto: Arquivo/Frederico Gabre)

Além disso, Mônica conta que há outros vídeos realizados na disciplina que vêm ganhando destaque, como um curta sobre amamentação e outro sobre as novas famílias homoafetivas. “Esse reconhecimento acontece justamente em razão das pautas e do grande trabalho que os alunos vem fazendo, o que é extremamente importante pra nós e comprova que é possível fazer vídeos bem feitos e interessantes em um curso de jornalismo”, ela explica.“

A 5ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental é uma realização da ONG Ecofalante e do Programa de Apoio à Cultura (ProAC) do Governo do Estado de São Paulo. Os filmes serão exibidos em sessões de cinema da cidade e, além do concurso, desde março acontecem exibições e debates de filmes com a temática ambiental em Escolas Técnicas Estaduais (ETECs), instituições de ensino superior, escolas particulares e Fábricas de Cultura. “A parte mais legal foi ter acreditado desde o começo na crise hídrica”, Frederico explica. “Coisas como a Mostra Ecofalante mostram que tem interesse público no que a gente faz”.

Além da Mostra, o Projeto também teve destaque no Prêmio Allianz Seguros de Jornalismo, em 2014. Foram mais de 1500 trabalhos inscritos e 2000 e Água ficou entre os 5 finalistas, dentre eles o único feito por estudantes ainda na graduação.

Isadora Vitti