Instituto Butantan adianta produção de vacina

Segundo o Ministério da Saúde, houve aumento de 43% nos óbitos causados pelo vírus H1N1 em uma semana; mesmo assim, não há motivo para pânico, dizem especialistas

O Instituto Butantan, responsável por grande parte dos imunobiológicos do Brasil, acelerou a produção de vacinas contra o H1N1, devido ao surto da gripe que matou 102 pessoas entre janeiro e o começo de abril deste ano. Em 2015, foram contabililizadas 36 mortes.

O vice-diretor do instituto, Marcelo de Franco, explica: “O surto começou entre janeiro e fevereiro, muito antes do que era previsto”. A causa dessa antecipação ainda é uma incógnita: “Uma das hipóteses é que o vírus tenha vindo dos Estados Unidos, mais especificamente da Flórida, já que janeiro e fevereiro são meses de turismo intenso”.

infografico h1n1

O vírus em si já é conhecido desde 2009, ano em que ocorreu uma pandemia (ou surto global) da gripe. Porém, por sofrer mutações ao longo do tempo, precisa ser estudado com frequência.

Como o vírus já não é o mesmo, a vacina também teve que mudar. Esse grupo de vírus modificados se chama cepa ou estirpe: são os “descendentes” de um ancestral comum.

“Duas vezes por ano, a Ornagização Mundial da Saúde (OMS) anuncia quais são as cepas que vão circular no inverno do hemisfério sul e no inverno no hemisfério norte”, diz Franco. No fim do mês de setembro de 2015, a organização apontou quais vírus deveriam ser colocados na vacina para o ano seguinte. Em outubro, a produção começou para que a campanha de vacinação começasse entre o fim de abril e começo de maio deste ano. “Corremos para entregar uma parte da produção já no começo de abril, por causa do surto”, comenta.

A campanha de vacinação na rede pública, que tinha início previsto para o dia 30 de abril, foi antecipada em diversos estados. Em São Paulo, onde já foram registrados 534 casos e 70 mortes desde o começo do ano, ela começou no dia 11 de abril com filas gigantescas nos postos de saúde. O Instituto Butantan já entregou 20 milhões de doses, e pretende produzir as outras 34 milhões até maio.

Vacina Atualmente, são produzidos dois tipos de vacina: a trivalente, disponível na rede pública e particular, e a quadrivalente, disponível apenas na particular. A médica e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Isabella Ballalai, explica que a diferença entre as duas: “A vacina trivalente protege contra três tipos de gripe: H1N1, H3N2 e um subtipo do Influenzavirus B. Já a quadrivalente, além desses, age contra um outro subtipo B – ambas são extremamente eficazes”. Como a predominância dessa última cepa no Brasil é muito baixa, a OMS diz que ela não precisa, obrigatoriamente, estar presente nas vacinas.

Apesar do surto, ambos os entrevistados são unânimes: não há motivo para pânico. “Quem deve se preocupar são as pessoas em grupos de risco, como idosos, crianças de até cinco anos, grávidas e doentes crônicos”, diz Isabella. Esse é um dos motivos pelo qual essa população está sendo vacinada agora. Segundo Franco, essa ação favorece também os que não receberam a vacina, porque restringe o vírus.

“Isso se chama efeito rebanho: protegendo os mais fracos você acaba protegendo também os mais fortes”.

Por Ana Luísa Moraes