IRI e Prefeitura renovam acordo voltado a políticas migratórias

Com o objetivo de continuar discutindo e promovendo políticas de recepção aos imigrantes, o Instituto de Relações Internacionais (IRI) e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo renovaram, no dia 16 de março, o acordo de cooperação Cosmópolis.

Criado em 2013, o projeto conta com a participação de alunos e professores do IRI que, através da elaboração de pesquisas e informações, fornecem subsídios para o desenvolvimento de ações voltadas aos imigrantes. Entre as demandas analisadas estão questões amplas, como a inclusão dessa população, mas também aspectos específicos, que visam o ensino da língua portuguesa e o treinamento de servidores públicos municipais, por exemplo.

Durante a primeira etapa da parceria, foram realizados estudos preliminares com os funcionários da prefeitura que atendem os imigrantes, conta Camila Baraldi, coordenadora de políticas da área. “A intenção era verificar onde estavam os principais problemas, a partir da visão das pessoas que prestam estes auxílios”, destaca.

O próximo passo inclui aprofundar os estudos e produzir dados quantitativos para que, em conjunto com outras secretarias, como a de educação, saúde e assistência social, sejam aprimorados os atendimentos oferecidos a esta população.

Para Camila, a parceria firmada com os pesquisadores do IRI foi muito importante. “Nós temos uma equipe restrita trabalhando na Coordenação de Políticas para Imigrantes. Por isso, todo o apoio que possamos ter da academia na construção destas políticas que são inovadoras é essencial”.

O grupo de pesquisas que hoje integra o Cosmópolis surgiu no segundo semestre do ano passado de forma independente. “No início, nos encontrávamos em SESCs ou bibliotecas para discutir sobre migração e expor nossos trabalhos”, diz Isadora Steffens, pós-graduanda no IRI. Quando as reuniões tornaram-se recorrentes, os alunos procuraram a professora Deyse Ventura, coordenadora do projeto, para institucionalizar o grupo através de uma relação com ele.

“O acordo foi muito bom para nós enquanto pesquisadores. A prefeitura tem acesso a uma série de dados de secretarias e do poder público que não encontraríamos facilmente. Ao mesmo tempo, nós temos pessoas que pesquisam migração e estão dispostas a ajudar a organizar estas informações e transformá-las em políticas públicas”, afirma Isadora.

De acordo com pesquisadora, a política municipal desenvolvida na cidade de São Paulo para imigrantes é inovadora, e o fato dela avançar em aspectos ligados aos direitos humanos está relacionado à parceria existente: “O trabalho é constituído perante a ótica de pessoas lidam com o tema diariamente, o que faz muita diferença”.

O Cosmópolis conta também com um portal no qual estão reunidas informações acadêmicas e notícias que possam fomentar discussões sobre o tema. “O site é um espaço de troca e formação de redes, por meio do qual tanto a comunidade acadêmica quanto a sociedade civil que trabalha com o tema das migrações pode se comunicar”, explica Camila Baraldi.

Ela acredita que diante do cenário atual é importante se marcar uma posição firme em defesa das populações imigrantes. “Seja por meio de produções científicas ou manifestos políticos, devemos tomar partido em defesa dos direitos humanos, pois isso é algo que não está dado e assume caráter crítico em muitos países”.

 

Por Joana Darc Leal e Julio Viana