Olimpíadas Rio 2016 já estão na mira

A menos de 100 dias dos jogos, atletas e voluntários se organizam para etapas decisivas  do evento esportivo.

Em pouco mais de um mês e meio, têm início os 17 dias de Olimpíadas no Rio de Janeiro. Os Jogos reúnem, ao longo das semanas, atletas de 206 países e 136.500 funcionários, entre voluntários, contratados e terceiros. Às vésperas da inauguração da festa, os preparativos – que já duram mais de dois anos – chegam aos últimos ajustes. O Jornal do Campus conversou com estudantes que estão envolvidos nesta edição do megaevento, dos bastidores dos jogos à batalha para representar o Brasil nas competições esportivas.

A aluna de oceanografia e atleta Inaiá Rossi está na disputa por uma das quatro (contando com a de reserva) vagas femininas de tiro com arco que a seleção brasileira possui para esta Olimpíada. Atualmente, ela se prepara para a última etapa das competições seletivas.

Por ser sede desta edição, o Brasil tem garantidas seis vagas em cada uma das modalidades individuais. As provas de classificação no tiro com arco ocorrem em dois dias de disputa, em que se distribuem quatro torneios. As duas primeiras vagas olímpicas dependem da soma de pontos das três melhores provas de cada competidor. As demais vagas (último titular e reserva) são preenchidas com base na avaliação geral que também leva em conta a prova seletiva.

A relação de Inaiá com os arcos é nova para o que se imagina de uma potencial atleta olímpica – ela foi apresentada ao esporte pela mãe no final de 2012, e ganhou projeção nacional como atleta pouco tempo depois.  Inaiá compete em grandes circuitos desde o ano em que iniciou os treinos. Com apenas 19 anos, ela já foi duas vezes vencedora do Campeonato Brasileiro de Base, segundo lugar no Brasileiro Adulto e dona de uma medalha de prata por equipe no Campeonato Panamericano de Tiro com Arco, sediado na Argentina.

Atleta e aluna, Inaiá Rossi se prepara em Campinas para última etapa das seletivas pré-olímpicas. (Foto: Isabel Seta)
Atleta e aluna, Inaiá Rossi se prepara em Campinas para última etapa das seletivas pré-olímpicas. (Foto: Isabel Seta)

Maratona Depois de ter sido pré-classificada para a disputa no Rio de Janeiro, o malabarismo diário que realizava para conciliar treinos, seletivas e viagens internacionais com a vida acadêmica passou a ficar ainda mais desafiador. Ela, que não pretende seguir carreira como esportista profissional, acabou optando por trancar a faculdade durante o ano olímpico: “a principio não queria trancar. Não queria abrir mão de metade da minha vida pra me dedicar totalmente ao esporte”, afirma.

Segundo a atleta, o maior problema com a faculdade foi a mudança de cidade. Para cursar oceanografia na USP, Inaiá teve que deixar Campinas,  que, além de ser sua cidade  natal, é referência no tiro com arco,  tanto pelo espaço de treinamento quanto pela equipe técnica.

Questionada sobre a possibilidade de transferir os treinos para São Paulo ou sobre incentivos da Universidade para que permaneça estudando e treinando, ela esclarece: “eu não acho que a USP esteja tão bem preparada para apoiar atletas de alto nível. Tem os atletas da USP, alguns até federados… Mas, especialmente no caso do arco e flecha, que é um esporte com muitas limitações [de equipamento e espaço], eu não consigo praticar aqui”, explica.

Ela conta que morou na França por seis meses, onde frequentou um centro de treinamento para jovens que funciona sob administração da federação francesa. Lá, pôde perceber que a iniciativa das instituições de ensino com relação a atletas é grande: “tinha um amigo que cursava engenharia de materiais na França. Ele pôde se formar em mais tempo e tinha direito a fazer reposição de aulas por ser atleta, por exemplo”, conta. “Não imagino encontrar isso em alguma universidade do Brasil”.

Inaiá treina diariamente em sua cidade natal e deve participar de outros campeonatos internacionais ainda este ano. No entanto, pretende voltar à faculdade assim que encerrada a etapa olímpica. Ela é categórica quando questionada sobre seu futuro de atleta: “vou continuar treinando e fazendo  o possível pra dar o meu melhor, mas não quero viver disso”.

A atleta já está empolgada em voltar à faculdade e retomar suas atividades fora do mundo esportivo. Mas também  demonstra entusiasmo ao falar sobre o motivo pelo qual escolheu o arco e flecha como a prioridade para este ano: “você tem que se aperfeiçoar constantemente. É físico, técnico, psicológico. Eu gosto muito. É uma forma de me desligar completamente do mundo, porque se a sua mente não estiver lá, naquele momento, pensando só no agora…Você já era!”,  ela dá risada.

Bastidores Para acomodar atletas e espectadores, a equipe olímpica conta com a ajuda de 45 mil voluntários, que também passam por etapas seletivas e de treinamento. São diversas fases para se classificar no time de funcionários: entrevista, dinâmica presencial e atividades online.

O aluno de relações públicas Antônio Morandin também estará no Rio durante os dias celebração. Será voluntário nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, e vai dividir seu tempo entre as funções de supervisor de credenciamento e serviços do evento. Ele, que já atuava nessa área, descobriu o trabalho voluntário quando pesquisava sobre o desenvolvimento da logomarca desta edição do evento.

A aluna de jornalismo Rosiane Siqueira já é veterana nos megaeventos. Foi voluntária na Copa do Mundo de 2014, nos jogos em Itaquera. Agora, Rosiane vai trabalhar no Parque Olímpico, diretamente com o público. Mas sua grande estreia não será nos dias de competição: funcionária de uma empresa que patrocina a festa, a voluntária também foi selecionada para  conduzir a tocha olímpica na cerimônia que antecede os jogos.

É tradição que a tocha percorra diversas regiões do país-sede dos jogos a cada edição, até chegar na cidade oficial do evento. A tocha sai de Atenas, na Grécia, dando início ao revezamento a 100 dias da abertura. Rosiane será responsável por sua condução em Vitória (ES), no dia 13 de maio. “São só 300 metros, mas acho que serão minutos eternos e muito emocionantes”, diz.

Laura Capelhuchnik