Uspianos sofrem com lotação de circulares

Pequeno número de veículos nas linhas 8012 e 8022 prejudica deslocamento para o campus

Quem utiliza as linhas de circular da Cidade Universitária pôde observar que os ônibus estão bem mais cheios desde o começo do ano. Enfrentar filas grandes, pontos lotados e viajar espremido são desafios que já entraram no cotidiano dos uspianos. E, com o recente aumento no número de passageiros, a situação tornou-se ainda mais caótica.

Nos horários de pico, filas dobram a esquina do terminal e ônibus ficam superlotados devido ao aumento da demanda de passageiros (foto: Nairim Bernardo)
Nos horários de pico, filas dobram a esquina do terminal e ônibus ficam superlotados devido ao aumento da demanda de passageiros (foto: Nairim Bernardo)

Segundo um dos fiscais da Viação Gato Preto, que preferiu não se identificar, “Com base no que é contabilizado pelas catracas, atualmente, as linhas estão transportando cerca de 50 mil passageiros por dia. Ano passado eram aproximadamente 30 mil”. Entretanto, o número de veículos continua o mesmo. De segunda a sexta- feira, dezoito ônibus circulam entre o campus e o metrô Butantã, sendo nove da linha 8012 e nove da 8022. Nos finais de semana, são apenas quatro veículos ficam em operação.

Ainda segundo o fiscal, em nenhum momento o número de veículos em circulação diminuiu, mas o forte trânsito das ruas em torno do terminal e as filas muito grandes impedem que todos os ônibus cheguem e saiam na hora certa. “Nós recebemos muitas reclamações aqui, mas não tem nada que a gente possa fazer. Temos que esperar o pessoal da administração da USP solicitar mais ônibus para a empresa.”.

A realização de uma obra no terminal de ônibus também contribuiu para que o problema se agravasse. No mês de março, parte da pista ficou interditada para reformas estruturais no local. Nesse período, as duas linhas do circular passaram a ter como ponto inicial a mesma via, o que acabou por gerar confusão entre as filas e os passageiros.

Obra no terminal é mais um componente na lotação das linhas (foto: Nairim Bernardo)
Obra no terminal é mais um componente na lotação das linhas (foto: Nairim Bernardo)

Enquanto o ônibus não vem

Na tentativa de fazer o tempo passar mais rápido, ou pelo menos para não perder toda a paciência com a situação, vale de tudo. Quem utiliza as linhas de circular sabe que ter um livro, jornal ou uma boa playlist pode fazer toda a diferença na hora de enfrentar 30 minutos na fila. Sim, 30 minutos é o tempo médio de espera para conseguir embarcar do metrô Butantã rumo à Cidade Universitária nos horários de pico, das 7h às 8h30 e das 18h às 19h. Entretanto, alguns estudantes declararam já ter ficado quase uma hora.“Eu leio jornal todos os dias enquanto espero. Dá pra ler o jornal quase inteiro e ainda comentar com o pessoal da fila”, declarou uma passageira que não quis se identificar.

Cansados de tanto esperar, algumas pessoas vão a pé até o seu local de estudos. A estudante de jornalismo Jessica Bernardo mora no bairro de Grajaú, e ao desembarcar na estação Cidade Universitária, vai andando até a Escola de Comunicações e Artes. Segundo ela, o ponto de ônibus localizado no portão de acesso da CPTM está sempre cheio. “O ônibus, geralmente, já vem cheio do Butantã. Então, compensa mais andar por 15 ou 20 minutos do que ficar estressada tentando entrar em vários circulares sem sucesso e passar sufoco para passar a catraca. Não vale a pena.”.

(foto: Nairim Bernardo)
(foto: Nairim Bernardo)

Reclamações

Na tentativa de fazer algo que possa reverter essa situação, o estudante de Relações Públicas Thomas Wang criou um abaixo-assinado on-line pedindo melhorias no serviço de transportes. “Eu e alguns amigos tivemos a ideia do abaixo-assinado como uma forma de criar pressão e mostrar que a situação atual dos circulares não está boa. É um jeito de mostrar que os usuários estão insatisfeitos e exigem melhorias”. O site funciona da seguinte maneira, os usuários preenchem alguns dados e clicam em “assinar”. A cada assinatura a plataforma envia mensagens para uma lista de e-mails na qual foram adicionados o reitor, a prefeitura do campus e o departamento de imprensa da USP.

Assim como a solicitação de Thomas e de outras 1.288 pessoas que já assinaram o documento (até o fechamento deste jornal), o Jornal do Campus não recebeu nenhuma resposta da Prefeitura do Campus ou da assessoria de imprensa da USP sobre os problemas relativos às linhas de ônibus.

Por Nairim Bernardo