Chapas derrotadas prometem oposição contínua

Candidatas ao DCE pretendem atuar durante o mandato, mas divergem pouco nas pautas

Apesar da baixa representatividade no processo eleitoral, a entidade máxima do movimento estudantil da USP é bastante disputada entre os grupos organizados politicamente da universidade, sendo evidente pelas dez chapas criadas, com poucas diferenças programáticas entre a maioria. No entanto, Bruno Mahiques, representante da Primavera acredita que há unidade na chapa vencedora pois sua criação ”abriu mão de questões que eram mais secundárias”. Os coletivos Juntos! RUA, Vamos à Luta e UJC, os três primeiros bem próximos ao PSOL, o último, juventude do PCB, além de independentes, compuseram a chapa.

Infográfico: Breno Leoni Ebeling
Infográfico: Breno Leoni Ebeling

USPinova

Henry Gandelman, representante da vencedora na FEA, Poli, Medicina e do campus de Lorena, nega haver qualquer organização além da própria chapa. Destacando-se por ser a única com membros ligados a grupos “não declaradamente de esquerda”, como a juventude do PSDB, a chapa afirma que “a principal tarefa para o DCE este ano é auxiliar a universidade a repensar sua forma de financiamento” e apoia parcerias público-privadas, endowment e doações, mas é contrária à qualquer cobrança que onere os alunos. A chapa pretende continuar atuando ao longo do ano com posicionamentos públicos e com a representação discente, através das 5 cadeiras de RD conquistadas.

Todas as Mãos

Composta por estudantes do Balaio – Núcleo de Estudantes Petistas da USP e independentes, a chapa foi a segunda colocada em diversos institutos e primeira colocada na Faculdade de Direito da capital, de Ribeirão Preto e na FEA Ribeirão. Luna Zarattini, representante da chapa, enfatiza a necessidade de descentralizar o movimento estudantil além da FFLCH, a democratização do próprio DCE e diz que a chapa também se compromete a usar os espaços institucionais para fazê-lo.

Reviravolta

Formada por militantes do Coletivo Pr’Além Dos Muros, que reúne filiados ao PSTU e independentes, a chapa é de uma força que deixou a gestão, mas que permanece com muitas convergências na análise das tarefas prioritárias para este ano. Lucas Milanez, integrante, destacou entre outras pautas a luta contra a flexibilização do regime de trabalho dos professores, também comentada por Bruno da Primavera.

Levante e Lute

Yandra Menezes, da chapa do Levante Popular da Juventude, enfatizou que “o DCE e o movimento estudantil não conseguiram dar consequência aos feitos da Ocupação Preta, o que fez com que a pauta de acesso e permanência ficasse estagnada”.

Novo Junho

Independentes e organizados na agrupacão Socialismo ou Barbárie (PSOL) prometem estar a par de “todos os processos em que a atual gestão DCE empalme a respeito da defesa do caráter público da universidade”e “que é o momento da mais ampla unidade para construir ainda este ano uma grande luta para saímos vitoriosos”

Tomar de assalto

A chapa é uma unidade entre o Território Livre, Enfrentamento e alunos independentes. “O DCE, colocado atualmente, não se mostra capaz de escapar do rotineirismo nem de conseguir mobilizar os estudantes frente aos ataques que temos sofrido por toda a universidade. A única luta possível que se dá atualmente é a luta defensiva frente aos cortes, a construção da resistência dos estudantes perante as políticas da reitoria.” sintetiza Marcelo Grava.

USP Contra o Golpe

Estudantes ligados ao PCO (Partido da Causa Operária) e simpatizantes, evocaram a união contra o impeachment já em andamento no nome para destacar que a ”principal tarefa deve ser organizar a luta contra o golpe, mas a atual direção eleita (Psol/PCB) não tem interesse no assunto. E diz que “a atuação no movimento estudantil da USP vai além das eleições. Pretendemos impulsionar a luta contra o golpe, denunciar os ataques da reitoria e do governo do PSDB e da paralisação da direção do DCE (Psol/PCB) que tradicionalmente não mobiliza os estudantes.”

Morte ao Rei

Com inscritos da Corrente Proletária Estudantil / Partido Operário Revolucionário (POR) e independentes, a chapa destacou em nota que a ”oposição à atual direção do DCE se fundamenta na caracterização de que se trata de uma direção que é um obstáculo à mobilização independente dos estudantes pelas reivindicações mais sentidas. Isola e subordina as lutas que ocorrem a uma política de conciliação com a burocracia universitária e à sua estratégia de democratização da atual estrutura autoritária de poder na USP”.

Conclusão

Entre as respostas ouvidas pelo JC de todas as chapas, questões internas como apoio à permanência estudantil, defesa das minorias (algumas destacando cotas raciais) e luta contra as o “desmonte da Universidade” estiveram presentes em quase todas, de um modo ou de outro. O posicionamento perante ao contexto de impeachment que o DCE pode assumir foi citado somente por algumas. A chapa Meu canto de guerra não responderam ao Jornal do Campus até o fechamento desta edição.

Tiago Aguiar