Grupo de alunos se apresenta em meio a Virada Cultural

Largo do Arouche, sábado a noite, plena Virada Cultural. Esse foi o cenário usado por um grupo de teatro formado por alunos da ECA, que encenaram adaptação da peça “Dentro”, dirigida por Maíra do Nascimento e com dramaturgia de Vicente Antunes Ramos, alunos do quarto e segundo anos do curso de Artes Cênicas, respectivamente. De um jeito meio improvisado, a encenação atraiu o olhar de muitos curiosos que passavam por ali entre uma atração da Virada e outra – o grupo se apresentava de forma extraoficial, já que não conseguiu entrar na programação do festival.

Cena da peça “Dentro”, encenada de forma improvisada por alunos de Artes Cênicas durante a Virada Cultural (Foto: Sofia Mendes)
Cena da peça “Dentro”, encenada de forma improvisada por alunos de Artes Cênicas durante a Virada Cultural (Foto: Sofia Mendes)

A montagem do grupo – ainda sem nome – surgiu no final de 2015 como projeto de Maíra na disciplina Direção III, cursada por ela no sexto semestre de seu curso. “Eu juntei essa equipe para participar da disciplina mas ela acabou saindo pro mundo”, explica. Além dela fazem parte da produção os atores Fernando Moraes, Amanda Massucci, Juliana Piesco, Rafael de Sousa e Sofia Maruci, todos do mesmo curso da diretora. A equipe técnica é formada por estudantes de vários cursos, desde Artes Plásticas (iluminação), passando por Audiovisual até Têxtil e Moda (cenografia).

A peça narra a história de uma família formada por pai, mãe e três filhos. Eles vivem enclausurados dentro da própria casa, da qual apenas o patriarca pode sair. É ele quem traz as notícias do mundo exterior, considerado muito “perigoso” para os filhos. A eles, é dada a recomendação estrita de não sair de casa e nem mesmo chegar perto de seus muros. Assim, os pais criam uma série de regras e jogos que impeçam seus filhos de entender a separação do dentro fora.

O enredo trata da tendência de isolamento contemporâneo e como o claustro acaba forjando relações violentas. Assim, por se tratar de um tema atual, a peça se propõe a ser um motor de reflexão. “O interesse da gente é fazer repensar a família como um núcleo que reflete o mundo”, explica Maíra.

Com cenário e iluminação limitados, a performance na Virada ocorreu de forma improvisada. As luzes viram de uma extensão improvisada, que mesmo assim não funcionou durante todo o ato. O cenário, composto por grama sintética e um tapete colorido, usado para os jogos, era frágil e se deslocava com alguns movimentos mais brusco dos atores. Apenas partes da peça foram reproduzidas, já que ela foi criada para ser encenada de forma clássica em palco italiano.

Nem isso impediu o grupo de sair para a rua e ocupar o espaço público. Apesar de terem se inscrito para a programação oficial do evento, eles não conseguiram a vaga e decidiram encenar mesmo assim, mas com o caráter de intervenção. “A virada pareceu um bom momento, já que as pessoas saem de casa para ver e consumir cultural”, afirma a diretora.

Para saber mais, acesse o site http://dentro-teatro.com/ ou o facebook https://www.facebook.com/dentroteatro/?fref=ts