Grupo “Existimos” luta por igualdade de gênero na Matemática

DSC_0754Ada Lovelace, Florence Nightingale, Emmy Noether, Mary Sommerville. Talvez você nunca tenha ouvido falar desses nomes, mas eles pertencem a mulheres que fizeram história na Matemática. A primeira da lista, por exemplo, escreveu o algorítimo que fundou as bases da ciência da computação. Essa falta de visibilidade feminina, no entanto, pode mudar com a ajuda de grupos como o “Existimos”.

Criado em agosto de 2014 por alunas do IME, ele discute questões de gênero que afetam o curso e luta para que o sexo feminino tenha mais visibilidade na área. “A matemática é sempre associada aos homens e nós queremos provar que, sim, a gente existe”, diz Marisa Cantarino, de 22 anos, mestranda em matemática aplicada na Universidade e uma das integrantes do grupo.

Dentro do IME, elas de fato estão lá, mas ainda em minoria. Um levantamento feito pelo Anuário da USP, no ano de 2014, mostrou que apenas 26,2% dos alunos da graduação, englobando todos os departamentos do Instituto, eram do sexo feminino. Na pós-graduação, o número ainda cai para 24,05%. Entre os 191 professores, há apenas 50 mulheres.

O “Existimos” conta, hoje, com mais de 60 participantes e atua organizando reuniões semanais, palestras, rodas de conversa e outras atividades com a propsta de aproximar as mulheres dentro do curso, tanto alunas quanto professoras. “Surgimos a partir de uma necessidade que tínhamos de sermos ouvidas, de nos sentirmos parte. Então, pensamos: vamos falar sobre isso”, diz Marisa.

Ela acredita que, no curso, o machismo acontece de maneira velada. “Não tenho medo de cantada, mas existe o sentimento de não pertencimento. Na sala, somos poucas. Grande parte dos docentes são homens. E sempre temos que nos esforçar o dobro para ter reconhecimento”, desabafa. Ela conta um episódio no qual sofreu discriminação: “Eu havia ido no cabeleireiro e, quando cheguei na sala de aula, o professor perguntou se eu me arrumei para fazer a prova.”

Ao longo de maio, em parceria com o Grupo A5, elas organizarão um ciclo de palestras sobre personalidades femininas que fizeram história na Matemática. O grupo atua desde 2012 realizando eventos relacionados à área. “Queremos mostrar um lado do mundo científico que não é explorado em sala de aula”, diz Marcela Masiero, participante do A5. Os eventos serão feitos às segundas e quartas, às 13h, no Auditório Jacy Monteiro (IME-USP), até o dia 25 deste mês.

Nyle Ferrari