JC e a greve

A USP está em greve pelas três categorias, funcionários, alunos e professores, com unidades ocupadas e piquetes nas entradas dos departamentos e nos escaninhos – para prevenir a entrega de trabalhos. Nesse cenário, questiona-se: o Jornal do Campus, que é uma disciplina do curso de Jornalismo, deve continuar?

Essa pergunta foi feita em assembleia do departamento de Jornalismo e Editoração e por nós mesmos, os alunos do 5º semestre do Jornalismo responsáveis por produzir o jornal neste semestre. Ela vem carregada de outros questionamentos: o JC não é uma disciplina como consta no Júpiter? Sim. Nós não recebemos nota por ele? Positivo. E todas as disciplinas do departamento não estão paralisadas? De fato, estão. O que faz do JC diferente, por que ele não para também? A resposta que chegamos é que ele não para, porque é um jornal.

Parece banal, mas não é. O princípio básico de um veículo jornalístico é informar seu público leitor sobre fatos do seu interesse – os formatos variam e o escopo também (do mais amplo possível, como fazem os grandes jornais, a nichos específicos de temas ou localidades, como os de algumas revistas, sites e pequenos jornais). No nosso caso, o escopo é grande, precisamos dar conta de tudo que se passa na USP, em todos os seus campi, do Butantã a Lorena, do largo São Francisco a São Carlos, da Pinheiros a Piracicaba.

Com tal alcance, nossa responsabilidade também é grande. Escrevemos para mais de 100 mil pessoas espalhadas por sete cidades. Pessoas que, esperamos, desejam saber o que se passa no universo uspiano e que contam, atualmente, com um único veículo impresso na Universidade, o JC.

Apesar de muitos não saberem quem está por trás desta publicação (os alunos de Jornalismo!), apesar de ele ser “apenas” um jornal laboratório, é inegável que, depois de 33 anos de estrada, o Jornal do Campus é mais que uma disciplina. É um veículo jornalístico e,  como tal, possui uma responsabilidade social para com o seu público – este último, bastante heterogêneo, do aluno da Letras ocupada ao funcionário da Poli que continua trabalhando.

Por isso, nos propomos a fazer o que sempre tentamos fazer: cobrir os acontecimentos de forma completa, trazendo pontos de vista conflitantes da maneira mais objetiva (objetividade absoluta não existe), humanizada e ética possível.

Assim, nos debruçamos sobre a greve para mostrar o posicionamento dos professores (leia nas páginas 8 e 9), trazer a situação das creches na Universidade (na página 5). Mas, ao mesmo tempo, fomos tentar entender por que o campus do Butantã é a área mais afetada pelo gás ozônio na cidade (na página 10) e o que aconteceu com o financiamento para campeonatos esportivos prometidos pela pró-reitoria (páginas 13).

Não paramos, porque queremos continuar a informar (e aprender, sempre). Boa leitura.

Por Isabel Seta