Rendimento da cana ainda pode crescer

Pesquisa da ESALQ aponta que produtividade maior pode permitir redução da área ocupada

Se a produtividade de cana de açúcar aumentar, é possível atingir a demanda projetada para 2024 sem grandes aumentos na área ocupada ou mesmo com redução desta, segundo estudos realizados na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP.

A pesquisa, coordenada pelo professor Fábio Marin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas, buscou avaliar a eficiência agrícola da cana de açúcar, com o objetivo de entender se para produzir mais seria necessário ocupar uma área maior.

Para isso, foi feita a análise do potencial de produção em comparação com o que se produz atualmente. Foram utilizados modelos agrícolas, que simulam o desenvolvimento da cultura no campo e demonstram o quanto ela produziria em condições ótimas, além de dados do IBGE que apontam a produtividade efetivamente observada.

“A gente percebeu que algumas pessoas acham que a produtividade chegou ao limite, e a pesquisa indica que ainda existe um potencial para se avançar”, afirma Marin. A partir da comparação dos dados, constatou-se que, se a produtividade atingir 80% de seu potencial, a demanda de cana de açúcar projetada para 2024 poderá ser atingida com aumento de 13% na área em um cenário de alta demanda e redução de 18% se a demanda for baixa. Entretanto, caso o rendimento médio atual de 62% seja mantido, será necessário aumento de 5% na área em caso de baixa demanda e 45% com alta demanda.

De acordo com o pesquisador, as técnicas que podem ser utilizadas para aumentar a produtividade envolvem manejo correto do solo, monitoramento de pragas e controle de daninhas, “o pacote tecnológico que já é conhecido pelos produtores, mas que nem todo mundo ainda consegue implementar”.

Marin aponta que, embora o estudo tenha feito um recorte para a cana de açúcar no Brasil, ele pode ser aplicado para qualquer tipo de produção agrícola. “Isso é um projeto que está sendo feito em várias partes do mundo, que tem a finalidade de analisar a segurança alimentar, avaliar se temos o potencial de alimentar o mundo no futuro”, menciona o professor.

Além da alimentação, a demanda por cana de açúcar no Brasil é alta também devido ao seu potencial energético, tanto pela produção de etanol quanto pela queima do bagaço, que gera energia elétrica. “A cana tem esse papel importante porque ela tem uma representação muito grande na matriz energética brasileira. Aproximadamente 15% da energia do país vem da cana de açúcar”, ressalta Marin.

A pesquisa foi realizada em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade de Nebraska. O estudo deu origem ao artigo “Prospects for Increasing Sugarcane and Bioethanol Production on Existing Crop Area in Brazil”, que foi publicado no periódico Bioscience da Universidade de Oxford.  

(Arte: Giovanna Lukesic)
(Arte: Giovanna Lukesic)

Por Luiza Magalhães