USP apresenta taxas elevadas de ozônio

Relatório aponta que Campus Butantã é recordista em níveis de gás pelo 2º ano consecutivo

A Cidade Universitária foi considerada o lugar mais poluído por ozônio (O3) da região metropolitana de São Paulo em 2015, segundo o relatório anual da qualidade do ar da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que monitora 21 estações na cidade. Os níveis seguros de O3, 140 microgramas por metro cúbico em oito horas, foram ultrapassados durante 26 dias no ano passado, enquanto o ideal é que esses níveis sejam maiores que o seguro em, no máximo, um dia no ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os números foram menores que os de 2014, quando os níveis seguros do gás foram ultrapassados por 43 dias, mas piores que os de 2013, quando em apenas 13 dias o ozônio foi maior que o recomendado.

Formação

O ozônio é um poluente secundário, ou seja, não é jogado diretamente na atmosfera. A formação do gás acontece por meio da combinação dos óxidos de nitrogênio (NOx) – emitidos por automóveis e indústrias – com hidrocarbonetos, elementos formados apenas por hidrogênio e carbono e que podem ser emitidos tanto por veículos quanto pelas plantas. No caso das plantas, o composto lançado na atmosfera chama-se isopreno (C5H8).

Esquema da produção de ozônio a partir da combinação de óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos (Arte: Jeferson Gonçalves)

Segundo Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, “as emissões [de hidrocarbonetos] das plantas, combinadas com a emissões veiculares na USP provavelmente são a razão desses valores mais altos de ozônio.” O Campus é uma região arborizada, mas tem ao seu redor grandes e movimentadas avenidas, como a Marginal Pinheiros e a Avenida Corifeu de Azevedo Marques. Além disso, outras fontes de poluição da região metropolitana de São Paulo chegam à USP pelo vento.  

Impactos

Em grandes quantidades, o ozônio pode ser bem prejudicial à saúde, em especial para as vias respiratórias. Ele tem a capacidade de irritar e causar o enrijecimento das paredes pulmonares, e, com isso prejudicar a eficiência de combate do órgão a outros poluentes, como os materiais particulados.

Por isso, é preciso combater a emissão de seus precursores. Segundo Artaxo, o primeiro passo é diminuir a frota de veículos da região metropolitana de São Paulo. “Não tem cidade no mundo que possa ter 8 milhões de carros no mundo e ter uma qualidade do ar boa”, afirma. Para isso, ele propõe o aumento da frota de ônibus e metrô.

Além disso, a implantação de filtros em ônibus municipais também pode ajudar a diminuir na emissão dos precursores de ozônio. Segundo o professor, “ônibus brasileiros são exportados para o Chile equipados com todos esses filtros e que tem emissão de poluentes de 10 a 100 vezes melhores que os que circulem na cidade da São Paulo”.

Por último, o professor defende a volta da inspeção veicular obrigatória, implantada na gestão de Gilberto Kassab (PSD) e suspensa no governo de Fernando Haddad (PT).

Por Sofia Mendes