CaipirUSP abre competições do segundo semestre

Criado para reunir faculdades do interior, campeonato vencido pelo CAASO existe há 10 anos
Foto: Atlética CAASO
Foto: Atlética CAASO

Com a participação de oito faculdades dos campi do interior, o CaipirUSP chegou à décima primeira edição em 2016. Sediado na cidade de Brodowski, interior de São Paulo, o inter reuniu em torno de 2000 pessoas no final de semana de 3 e 4 de setembro.

Campeã pela oitava vez, a Atlética CAASO, da USP São Carlos, competiu ao lado das atléticas da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), EEL (Escola de Engenharia de Lorena), Esalq (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, de Piracicaba), FZEA (Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, de Pirassununga), FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), e dos cursos de Direito e Fisioterapia, também de Ribeirão.

Principal rival do CAASO, a EEL ficou em segundo lugar. As chuvas não permitiram que a final do tênis de campo acontecesse no dia marcado, então as demais classificações ainda estavam pendentes até o fechamento desta edição. O terceiro lugar deve ficar com a EACH ou com FEA-RP, que, até o momento, contam as pontuações 102 e 93 respectivamente.

“O resultado geral não foi o que esperávamos, temos total capacidade para continuarmos sendo campeões gerais”, diz a presidente da atlética de Lorena, Ayla Dominato, Escola que conquistou o tricampeonato no CaipirUSP de 2015. “Tivemos modalidades que se mantiveram campeãs, foram alguns deslizes que fizeram a diferença na pontuação geral”, completa.

Os preparativos para a competição começaram em novembro de 2015, com a troca de gestão da Comissão Organizadora. Os atletas se dividem em 13 modalidades, que incluem tênis de mesa, jiu jitsu e vôlei de areia, entre outras.

Origem

Localizada em Pirassununga, a FZEA só fazia competições internas até que o CaipirUSP foi criado em 2006. “Ficávamos bastante chateados por não poder participar do InterUSP, então começamos a pensar em um torneio regional, com as faculdades vizinhas”, explica Gisele Lemos, que fazia parte da atlética na época e participou da criação do inter.

Também formada pela FZEA, Tais Katu Bertini compareceu ao primeiro CaipirUSP junto com a amiga Gisele. “Foi como uma retaliação aos jogos que só o campus da capital participava, a exemplo do Engenharíadas”, reforça Tais. No abadá confeccionado pela atlética, lia-se “zootecnia de alimentos”, uma brincadeira com os dois únicos cursos que existiam no campus.

A primeira edição do campeonato foi articulada entre os campi da USP de Pirassununga, Ribeirão Preto, Piracicaba e São Carlos, cidade que sediou os jogos do I CaipirUSP. Da FZEA saiu o maior número de participantes, recorde que se repetiu no ano seguinte. Hoje, da grande São Paulo, há apenas a EACH, convidada em 2008 para integrar o inter.

A presença da EACH no XI CaipirUSP, no entanto, foi complicada devido a problemas financeiros que surgiam no ano anterior, explica o presidente da Atlética, Yuri Bodenmüller. Por falta de verba, inclusive, a USP Leste deixou de ir ao Integramix, outro campeonato do qual costuma participar.

A Esalq, por sua vez, é a única das faculdades do CaipirUSP que, atualmente, também compete no InterUSP. “A CO do InterUSP tem compromissos na escolha das praças esportivas com algumas pré-definições que o CaipirUSP não tem, o que acaba elevando o nível da competição”, explica Laila Fett, da atlética de Piracicaba.

E se por um lado o ano de 2016 trouxe a presença inédita da Fisioterapia no CaipirUSP, por outro, não contou com a participação da Farmácia. Segundo a Gestão Inova da atlética, altas taxas de inscrição e baixa adesão dos estudantes do curso levaram a última a não se engajar no inter deste ano.

Além disso, a Farmácia alega que o repasse referente à venda de pacotes de balada do CaipirUSP 2015 teria acontecido com atraso. Segundo Pedro Elias, representante da EEL na Comissão Organizadora de 2016, o erro já teria sido resolvido. O repasse é feito pela CO após o fim do campeonato, quando as pendências financeiras são resolvidas, o que pode levar um tempo. A desistência, contudo, abriu espaço para que a Fisioterapia entrasse no inter.

Incidentes

Mesmo com história recente, alguns incidentes marcam o passado do CaipirUSP. Na edição de 2009, em Franca, o então estudante de agronomia da Esalq Thiago Teruo Kuratani, a caminho de um ginásio esportivo, atropelou seis pessoas, causando quatro mortes. Thiago teria cochilado ao volante e admitiu ter ingerido bebidas alcoólicas antes, naquele dia. Ele foi condenado em 2012 a três anos de prestação de serviços comunitários e a pagar indenizações às famílias das vítimas.

Já em 2014, a atleta da EACH Bruna Santana participava da disputa pelas quartas de final do handebol feminino contra o time do CAASO, quando ouviu a palavra “macaca” sendo dirigida a ela. Exaltada com o xingamento racista, ela agrediu o estudante do CAASO, responsável pela ofensa, com um soco. Logo, foi contida pelos seguranças e, na confusão, o homem sumiu do local.

A atleta foi expulsa do jogo e, no dia seguinte, impedida de disputar a prova de atletismo, esporte do qual também iria participar. Ela chegou a registrar um boletim de ocorrência, mas acabou não comparecendo para a representação (autorização da vítima para dar início à investigação e ao processo criminal) no mês seguinte.

“Resumindo: eu fui punida pela comissão organizadora do inter e não pude competir. E os caras? Nada”, relata a aluna da EACH. Na época, em nota de esclarecimento, a atlética do CAASO lamentou o ocorrido.

No inter, há dois representantes por jogo para anotar qualquer tipo de problemas que venham a ocorrer dentro ou fora da partida. “Se eles são capacitados para identificar esse tipo de caso? Varia com perfil de cada curso e com a história de cada atlética”, aponta o presidente da atlética da EACH. Para Bruna, o caso de 2014 mostra uma total despreparação para lidar com casos do tipo.

Com foco em outro tipo de opressão, uma palestra sobre machismo no esporte universitário foi promovida pelo diretório do curso de Educação Física e Saúde da USP Leste no início do ano. “Esse tipo de debate ajuda a conscientizar pessoas de modalidades que tradicionalmente são machistas, mas que não conseguem ver que as atitudes delas são”, Yuri acredita.

Samba

As baterias universitárias, presença marcada nas arquibancadas dos ginásios, também tem espaço para competir no inter, com o Desafio de Baterias do CaipirUSP, em sua quarta edição em 2016.

“Um ‘problema’ que a gente encontrava é de nunca conseguir fazer o desafio durante dois anos consecutivos, e nesse ano finalmente conseguimos”, explica Mayara Porto, integrante da Bateria Bandida da EACH, campeã de 2016.

Organizado pelos próprios ritmistas, o Desafio desse ano também contou com a participação das baterias Mamuteria​, Tobalq Esalq​, Ziriguidum​ e Tikutuko. As demais baterias (Bateria Estouro​, Bateria Taladentro​, GAPeria e Dorotéia) não participaram principalmente por questões de custos, acredita Mayara, além da proximidade com o Interbatuc — outra competição do ramo. Com grande aceitação do público, o torneio é um momento importante para as BUs que estão fora do eixo da capital paulista.

Outros eventos movimentam o interior

Durante a semana da pátria, outras faculdades da USP entraram em quadra. Entre os dias 3 e 7 de setembro, em Pirassununga, aconteceu a 31ª edição do Interodonto. O evento agrega as três faculdades de Odontologia da Universidade — de São Paulo, Ribeirão Preto e Bauru —, além de outras instituições.

A representante uspiana da capital ficou em primeiro lugar pela vigésima quarta vez. Os cursos do campus Butantã e de Ribeirão levaram o dobro de participantes da excursão de 90 pessoas que saiu de Bauru. Estar em menor número, no entanto, não impediu que a faculdade bauruense tenha ficado na terceira colocação, seguida por Ribeirão, em quarto.

Já o Interfau, que agrupa cursos de arquitetura e urbanismo de diversas faculdades, se estendeu por dez dias da semana e trouxe a Mackenzie como campeã, principal adversária da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP).

Também tradicional, o Intracampus começou no dia 12 de setembro. A competição, criada em 1974, reúne oito cursos do campus de Ribeirão e pode incluir a participação de professores e funcionários.

Uma novidade será a participação da Laurp (Liga das Atléticas da USP Ribeirão Preto) no Tusca (Taça Universitária de São Carlos) 2016, que acontecerá entre os dias 20 e 23 de outubro.

As negociações foram realizadas em três etapas: entre os atletas, que demonstraram grande interesse em participar, com a CO da Taça e entre as dez atléticas que compõem a Liga. João Pedro Stéphano Martins, presidente da Laurp, explica que a última parte foi a mais difícil, pois cada atlética se compromete com os seus inters específicos e possuem públicos que são bem diferentes entre si.