Capivaras do campus passarão por medidas de castração

Foto: Ethel Rudnitzki
Foto: Ethel Rudnitzki

Frequentar os arredores da raia olímpica da USP sempre pode trazer surpresas: encontrar capivaras, por exemplo. Mas esses eventuais encontros podem ficar cada vez mais raros. Isso porque a Universidade estuda métodos que visam o controle da população das capivaras no campus da capital. Segundo estimativas da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), no início de 2014, seis animais viviam na raia, hoje o número de indivíduos chega a 30.

Segundo a profª Roberta Kronka, assessora da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA), existe a preocupação com a rapidez do ciclo reprodutivo das capivaras, já que ocorreu um aumento “exponencial” no número de capivaras no campus. Além disso, Kronka também ressaltou a preocupação da SGA com o convívio e a interação humano-fauna. Essa preocupação da assessora se deve ao fato de que as capivaras são as principais hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa. “É importante, na questão da administração, tomar o cuidado com o contato das pessoas com esses animais, pois pode ocorrer a transmissão de doenças”, esclarece Roberta Kronka.

O Jornal do Campus apurou que as capivaras não serão retiradas do campus, mas castradas. A medida busca o controle populacional desses animais, pois nos dois últimos anos sua população aumentou cinco vezes. Há também a preocupação com risco de transmissão da febre maculosa. A previsão é que este ano comece o diagnóstico das capivaras e, após essa etapa, que a Universidade contrate uma empresa para realizar o trabalho de castração.

Em entrevista à repórter Marina M. Caporrino, o professor da FMVZ, Marcelo Labruna, afirmou acompanhar  de perto o caso e que as medidas visam apenas o controle da população das capivaras no campus. “Hoje podemos afirmar com segurança que no caso da raia olímpica da Cidade Universitária, nem as capivaras e nem seus carrapatos estão contaminados com a bactéria da febre maculosa. O procedimento de controle reprodutivo delas visa exclusivamente impedir que elas continuem se reproduzindo, pois se continuarem nesse ritmo, daqui a pouco vão se espalhar para outras áreas de nosso campus, vindo a causar problemas. Será uma medida puramente preventiva”, ressalta o professor Labruna.

Recentemente, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP de Piracicaba, registrou casos de febre maculosa e constatou, no campus, a contaminação de carrapatos e capivaras com a bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da doença.

As capivaras chegaram até o campus da capital por meio de uma conexão com o córrego Pirajussara, afluente do rio Pinheiros. Ali, na Raia, elas encontraram ambiente com melhores condições de sobrevivência, pois tanto o rio Pinheiros quando o próprio córrego Pirajussara são locais poluídos e hostis para sobrevivência de qualquer animal, principalmente aqueles que possuem hábitos aquáticos, como é o caso das capivaras