ECA cria espaço de convívio sustentável

Telhado vivo será forma de engajar a comunidade a praticar e discutir sustentabilidade

TELHADO 1Fruto de um projeto final da disciplina de Educomunicação socioambiental, no dia 20 foi construído o telhado leve e vivo da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) em uma oficina aberta à comunidade da faculdade.

“A proposta do projeto é criar um espaço para que as pessoas se encontrem e percebam que existe, aqui na Universidade, um local onde elas possam trocar ideias”, explica a professora responsável pela disciplina, Carmen Gattás. “Temos a impressão de que as pessoas entram e saem da Universidade, que elas não ficam realmente aqui”.

Para o estudante de biologia Pedro Coelho, criador do projeto, “os espaços falam. Quando você transforma fisicamente um espaço, você transforma a satisfação das pessoas que o frequentam, o costume  delas, a forma como elas interagem”.

Localizado acima da casa de máquinas da Unidade, ou da “caixa d’agua”, como o local é mais conhecido, o telhado está a uma altura visível a todos e promete melhorar a qualidade do ar e da temperatura local.

Mudança necessária

Há dois anos consecutivos a Cidade Universitária tem sido apontada pelas estações de monitoramento da qualidade do ar como o lugar mais poluído da região metropolitana de São Paulo. Em 2015, 26 dias extrapolaram a quantidade adequada de ozônio, poluente emitido principalmente por automóveis. A explicação é a de que os ventos levam a poluição produzida ao redor Universidade para dentro dela.

Dentro deste cenário, o projeto foi apoiado pela diretoria da unidade e está inserido na programação da comemoração dos 50 anos da Escola. Gattás e Coelho apostam que ele seja um importante passo para que as iniciativas socioambientais se tornem cada vez mais frequentes dentro do campus e transformem espaços ociosos da Universidade em ambientes de convivência.

Outros espaços verdes, como o do Instituto de Oceanografia (IO), do Instituto de Biociências (IB) e a horta do Crusp, já foram construídos por coletivos sustentáveis, que articulam a Rede de Agroecologia da USP, da qual Coelho faz parte.

No telhado vivo, foram plantadas espécies de plantas com raízes pequenas, como boldo, onze-horas, flor de maio e língua-de-vaca. Um diferencial do projeto é que a palha foi usada no lugar da terra, que seria mais pesada e aumentaria as chances de infiltração da casa de máquinas sobre a qual o telhado foi instalado.

A palha foi conseguida a partir da grama cortada no campus. Coelho conseguiu o contato de alguns jardineiros que o avisavam quando fariam a poda para que o estudante pudesse recolher e utilizar a grama seca.

“Falta comunicação para explicar que isso é ouro, é recurso”, diz Coelho. A palha é um excelente material para compostagem e cobertura de solos de hortas e jardins.

Sustentabilidade freireana

A partir da visão de educação horizontal, Coelho acredita que os espaços são educadores e que o aprendizado só é construído quando se tem, junto com a teoria, a experiência. “Às vezes nós vivemos na universidade com muita informação e o excesso dela tira o lugar da experiência”, repara. “A educação é uma questão de textura, não só de informação. Você tem que pegar, tem que sentir o cheiro. Você tem que fazer com as próprias mãos”.
Ao final da oficina, Coelho e os participantes construíram uma roda de conversa para refletir novas formas de recriar os espaços da Universidade. “Isto é um pequeno exercício para que as pessoas se despertem para a importância dessa prática, mas a coisa não para aí”, afirma. “Esse tipo de ação tem um impacto muito maior do que uma aula teórica”.