Erratas Ed. 460

Nota de Retratação

A equipe Olympus Cheerleading, tema da editoria de esportes (página 12), edição 460, enviou uma nota de retratação. A nota, que pode ser lida na íntegra no site do JC, critica trechos transcritos de entrevista na matéria que, de acordo com a equipe, não correspondem ao seu posicionamento e são machistas e homofóbicos.

Os membros do time afirmam que “houve uma lamentável colocação machista creditada pelo jornal a um esporte que tenta a cada dia desconstruir conceitos pré-concebidos como este de que mulheres não possuem força suficiente para exercer funções de força no time. Todos, absolutamente todos, são bem-vindos ao time“ e que “o trecho não seguiu o depoimento dado pela treinadora do time. As anotações feitas no momento da reportagem, inclusive, ainda estão com o time, o que torna a publicação ainda mais irresponsável”.

O grupo direciona a crítica a um trecho da matéria que fala sobre as posições de homens e mulheres dentro da equipe. “Pôde-se perceber um profundo desrespeito para com as mulheres no trecho “Aliás, nós precisamos muito da força física dos homens para sustentar as bases de pirâmides. Eles são fundamentais para o esporte”, pois toda e qualquer pessoa que se dedicar ao esporte pode exercer qualquer função no time, não sendo a função de traseira ou de base exclusiva dos homens”.

Ressaltam ainda que “as relações que foram colocadas no trecho pelo jornal não são apenas homofóbicas e machistas, mas ignorantes. O Olympus Cheerleading não faz distinção sexual ou de gênero para qualquer função exercida no time”.

O Jornal do Campus reitera a sua posição contrária a todos os tipos de opressão aqui citados.

Carta enviada ao JC:

“Nós, Olympus Cheerleading, time competitivo de cheerleading da Universidade de São Paulo, gostaríamos de nos pronunciar a respeito do trecho da matéria publicada na seção de esportes da edição da primeira quinzena de agosto de 2016 do Jornal do Campus.

Na citada reportagem, encontra-se a seguinte passagem: “A treinadora observou que existe muito preconceito com rapazes cheerleaders, que são frequentemente taxados (sic) de homossexuais, o que acaba afastando os meninos do esporte. “Pessoas costumam apontar para os meninos que praticam Cheerleading e já falar (sic) que é (sic) gay (sic), mas não é assim, isso não tem nada a ver. Aliás, nós precisamos muito da força física dos homens para sustentar as bases de pirâmides. Eles são fundamentais para o esporte”.”.

Gostaríamos de salientar, primeiramente, que o trecho não seguiu o depoimento dado pela treinadora do time. As anotações feitas no momento da reportagem, inclusive, ainda estão com o time, o que torna a publicação ainda mais irresponsável.

Em segundo lugar é importante pontuar que ser tachado de algo, como colocado pelo jornal, é sempre algo pejorativo, pela própria definição do termo, portanto, tachar alguém de homossexual é interpretado como um xingamento per se. Além disso, na sociedade plural e diversa em que sabemos viver atualmente, apesar de grande parte da população ter os olhos cegos para isso, é absurdo estabelecer correlações entre práticas. A prática de um esporte nada tem a ver com a sexualidade de um indivíduo e, mesmo que houvesse relação, não existe sentido em diminuir (tachar) alguém em decorrência dessa sexualidade.

Hoje em dia, ser homossexual e, de maneira mais ampla, LGBT, significa posicionar-se contra o padrão hegemônico, significa ter a coragem de assumir a própria natureza em um mundo onde essa natureza é descreditada, marginalizada e oprimida por motivo concreto nenhum, pelo simples fato de manter o status quo.

Ademais, é importante pontuar também que, assim como os conceitos sobre homossexualidade, que foram abordados de maneira incoerente, pôde-se perceber um profundo desrespeito para com as mulheres no trecho “Aliás, nós precisamos muito da força física dos homens para sustentar as bases de pirâmides. Eles são fundamentais para o esporte”, pois toda e qualquer pessoa que se dedicar ao esporte pode exercer qualquer função no time, não sendo a função de traseira ou de base exclusiva dos homens. Ou seja, houve uma lamentável colocação machista creditada pelo jornal a um esporte que tenta a cada dia desconstruir conceitos pré-concebidos como este de que mulheres não possuem força suficiente para exercer funções de força no time.

Por fim, é importante ressaltar que, estabelecer as relações que foram colocadas no trecho pelo jornal não são apenas homofóbicas e machistas, mas ignorantes. O Olympus Cheerleading não faz distinção sexual ou de gênero para qualquer função exercida no time.

Todos, absolutamente todos, são bem vindos ao time. A equipe gostaria de, a partir desta retratação, repudiar e anunciar profundo desgosto ao trecho publicado, primeiramente sem fidelidade ao reportado pela treinadora e, em segundo lugar, pelo caráter machista e homofóbico.”

Errata

Errata: Na página 9 da edição 460 (Hospital Universitário permanece em estado de greve), a legenda da foto acima afirmava que o Sindicato dos trabalhadores da USP comprou cestas básicas para os funcionários em greve a fim de minimizar danos do corte de pontos. O correto seria: A Adusp (Associação dos docentes da USP), em solidariedade ao movimento, cedeu 400 cestas básicas distribuidas aos grevistas que sofreram cortes salariais.