SanFran é evacuada durante manifestação

Policiais militares foram vistos entrando no prédio e alunos ficaram sem lugar para ir

Ethel Rudnitzki

A entrada inexplicada de grupos de policiais militares gerou incômodo nos estudantes (Foto: alunos da Faculdade de Direito, que não querem ser identificados)
A entrada inexplicada de grupos de policiais militares gerou incômodo nos estudantes (Foto: alunos da Faculdade de Direito, que não querem ser identificados)

Na noite da última quarta feira, 31 de agosto, por volta das 21h30, a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco foi evacuada. Segundo funcionários responsáveis por retirar as pessoas do local, o prédio estaria ameaçado de invasão por parte dos manifestantes que protestavam contra o governo Temer perto dali. Durante o esvaziamento da unidade, grupos de policiais militares entraram no local.

Usualmente, a São Francisco fecha às 23h20, horário em que as aulas regulares do período noturno terminam. Contudo, dia 31 foi diferente. Um ato contrário ao impedimento de Dilma Rousseff e à presidência de Michel Temer, que havia começado na Av. Paulista, alcançou o centro da cidade e causou tumulto. Há denúncias de depredação de patrimônio durante o protesto. Segundo manifestantes, gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borracha foram atiradas pela polícia militar na região, próximo ao metrô República.

Para Carolina Martins, estudante de direito que estava na São Francisco ontem à noite, “fecharam a faculdade como uma medida para evitar que depredassem o prédio quando, na verdade, os manifestantes estavam apenas de passagem.” Ela disse que ouviu barulho da manifestação e de um helicóptero enquanto ainda estava saindo da aula, mas rapidamente.

Alguns alunos reclamaram da falta de segurança à qual ficaram expostos por terem que sair da aula naquela situação. Os que estavam no andar de baixo, que foi evacuado antes, tiveram que sair pelo meio da manifestação. Carolina, que estava no segundo andar, deu um pouco mais de sorte, mas nem tanto. “Quando saímos da faculdade já não tinha mais nada acontecendo, mas a entrada do metrô que geralmente usamos (Anhangabaú), por ser mais seguro à noite, estava fechada então tivemos que ir por um caminho que normalmente é evitado por ser mais perigoso (pela rua Benjamin Constant) até a estação Sé.”

Outro incômodo que fica entre eles seria sobre a entrada inexplicada de policiais no local. “O Largo estava cheio de policiais. Alguns entravam e saíam da faculdade sem maiores problemas. A desculpa era que estavam indo ao banheiro, mas alguns amigos relataram que pareciam procurar algo. Eles entravam em grupos pequenos, de 3 ou 4 policiais”, contou  Lucas Custódio, que estava no local. “Em geral, não houve nenhum tipo de violência por parte dos policiais na São Francisco, mas o clima era tenso devido ao número de viaturas estacionadas no local.”

A estudante Marcela Farina diz que é comum entrarem no prédio para usar o banheiro, mas devido às circunstâncias, não se sabe ao certo por que os policiais foram para lá. “Muita gente falou que eles entraram para supostamente proteger o patrimônio público e estavam procurando manifestantes. De qualquer maneira, está todo mundo bem assustado com isso, porque era um dia muito tenso e entrou muito policial.”