Setembro Amarelo: o suicídio em pauta

Debate sai das redes sociais e invade a Universidade, em busca de quebrar o tabu sobre o tema

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Associada ao calor e à alegria, a cor amarela foi escolhida para representar figurativamente a luta contra o suicídio, que é proposta da campanha Setembro Amarelo. O movimento, que ocorre todo nono mês do ano pelo mundo inteiro e desde 2013 no Brasil, busca não apenas alertar a sociedade sobre o suicídio, como também quebrar os tabus que circundam esse tema.

De acordo com o Centro de Valorização da Vida (CVV), atualmente, o Brasil registra 32 duas mortes por dia, o que representa 1 suicídio a cada 45 minutos, além do triplo de tentativas diárias de acabar com a própria vida. Além disso, entre 2002 e 2012, o número de suicídios e tentativas de tirar a própria vida entre jovens dos 15 aos 29 anos cresceu 20%.

Visando não apenas os profissionais da saúde, mas também os jovens, alunos da graduação e que se tornarão futuros profissionais da saúde, o Simpósio “Precisamos falar sobre suicídio!” trouxe para a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) uma série de mesas redondas e debates sobre o tema. Com painéis como  “O suicídio na população LGBT” e “A esperança por um fio: suicídio e solidão”, o Simpósio contou com a participação de profissionais da área para o debate essencialmente sobre o suicídio.

Dentro dos campi da USP, existem algumas iniciativas para alertar e prevenir o suicídio, além de algumas para auxílio contra a depressão. Na Faculdade de Medicina (FMUSP), por exemplo, há projetos como o GRAPAL (Grupo de Assistência Psicológica ao Aluno da FMUSP) e o NAEE (Núcleo de Acolhimento e Escuta ao Estudante), que oferecem assistência aos alunos da FMUSP.

Iluminar

A cor amarela, além de representar a alegria, também representa a luz. Iluminar e tornar claro para a sociedade o que leva uma pessoa a tirar a própria vida também é uma forma de preveni-lo. Segundo Adriana Rizzo, voluntária do CVV, “há desconhecimento pela maior parte da população sobre o que leva uma pessoa a pensar em se matar, quais os sinais que ela dá e como oferecer e pedir ajuda”. Muitos casos poderiam ser evitados diariamente se as pessoas em volta soubessem mais sobre o suicídio e como lidar com ele.

E é nesse cenário que campanhas como o Setembro Amarelo desempenham um papel essencial, como conta Adriana. “Notamos que houve  grande aumento na adesão espontânea da sociedade ao Setembro Amarelo. Neste ano, por exemplo, diversas empresas e organizações civis e sociais estão pedindo palestras sobre o assunto e divulgando a causa internamente, e mais pontos importantes foram iluminados, como o Monumento às Bandeiras, a estátua do Borba Gato e a estação Sumaré do Metrô, esses três em São Paulo”.

Além disso, lutar contra o suicídio é, também, lutar pela saúde mental e emocional da população. “Pelo menos 90% dos casos de suicídio têm alguma relação a transtornos mentais e emocionais, especialmente a depressão, nem sempre diagnosticada previamente”, explica Adriana.

Entretanto, o suicídio é muito mais complexo e envolve muito mais questões além da depressão. Adriana explica que o pensamento suicida pode, inclusive, ocorrer à qualquer pessoa, pois envolve um histórico de acontecimentos impactantes, como a perda do emprego, separação, diagnóstico de uma doença grave. “Os principais fatores que levam à ideia suicida são relacionadas à dificuldade em lidar com as situações do dia a dia”, completa.