Entre os que vão fazer falta, a única psicóloga da Escola

A psicóloga Ana Mello | foto: Majo Campo
A psicóloga Ana Mello: ampla formação, dedicação e experiência não farão mais parte da Escola de Aplicação | Foto: Majo Campo

Ao ver seu nome na lista de servidores classificados no Programa de Incentivo à Demissão Voluntária, Ana Maria de Araujo Mello não ficou surpresa. A psicóloga, que dedicou 30 anos de sua carreira à Universidade de São Paulo, vinha ocupando os últimos quatro na Escola de Aplicação da Faculdade de Educação, e já esperava pelo resultado, por conta da sua idade e carreira longínqua na USP.

Ana conta que desde que ingressou no curso de psicologia na Unesp, em 1978, sabia que seria psicoeducadora. “Minha vida profissional está alicerçada na psicologia de educação, particularmente na educação infantil”, diz. Ela admite que, depois de passar décadas dirigindo as creches da USP de Ribeirão Preto e São Carlos, sua transferência à EA não ocorreu por opção própria. “Foi difícil, pois rompi com uma história profissional sólida. Não tinha experiência com educação fundamental e média”.

Em seu dia a dia, Ana faz acompanhamentos com estudantes e familiares, participa de reuniões e rodas de conversas, escreve relatórios, organiza pareceres para especialistas e ocasionalmente, para conselhos tutelares e varas de infância. “Este é um trabalho intenso, considerando que a Escola mantém centenas de estudantes e que sou a única psicóloga”, declara.

Outros casos

Ana não é a única psicóloga contemplada pelo PIDV. No total, outros seis profissionais da área, que trabalham em locais como a Prefeitura da USP, o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais e a Superintendência de Assistência Social, foram aprovados no programa.

Para o Mestre em Psicologia Social e do Trabalho Felipe Hashimoto, essa perda possui algumas faces que precisam ser analisadas. “Os psicólogos que deixam a Universidade podem estar saindo por interesses próprios, e nesse caso irão abrir espaço para outros ocuparem suas vagas. Se este for o motivo, pode-se proporcionar uma ‘oxigenação’ com a vinda de profissionais com novas ideias, possivelmente mais atualizados e motivados”, afirma o pesquisador. Quando questionada se será substituída, Ana Maria Mello responde: “Acredito que não, pois não há quadro de psicólogo na FEUSP”.