O que falta na sua graduação?

Alunos de diversas áreas e campi sentem falta da interdisciplinaridade e de atualidades na formação

O Jornal do Campus conversou com diversos uspianos, estudantes de todas as áreas do conhecimento e de diversos campi, para saber como se sentem em relação às matérias da grade. Na pesquisa, 89,7% dos alunos sentem falta de disciplinas que não configuram em suas grades.  Essa carência varia entre diversos assuntos, mas a área que a maioria sente falta é a de humanas (43,1%). Mesmo entre os alunos que institutos de ciências humanas esse é um cenário comum. Muitos sentem falta de matérias como história, filosofia e literatura. Para Cláudia Galian, professora de Currículo e Avaliação na Faculdade de Educação, garantir que os cursos tenham interdisciplinaridade não é tão simples assim, “a abordagem interdisciplinar só pode acontecer quando se conta com uma base de conhecimentos ligados às disciplinas. Avançar para isso é importante na medida em que favorece o desenvolvimento de perspectivas relacionais na compreensão do mundo”, explica Cláudia.

Além de disciplinas de humanas, os alunos também sentem falta de matérias que abordem política, economia e atualidades, tanto no âmbito nacional, quanto no internacional. A falta de debate sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo gera desconforto entre a maior parte dos alunos entrevistados. Vitor Neves, aluno do primeiro ano de Economia da FEA, comenta, por exemplo, que sente falta de disciplinas que abordem temas como agronegócio, sustentabilidade e negócios sociais. Há, também, a expectativa  por disciplinas que envolvam as novas tecnologias e as relacionem com a área estudada. Nesse aspecto, as reclamações variam desde aprender a mexer em equipamentos específicos, até aprender a usar devidamente programas como o Excel. Essa lacuna na grade currícular pode ser interpretada como algo negativo para a formação do profissional. Cláudia evidencia que seguir as tendências do mundo é importante  para a reflexão e formação do profissional: “isso significa que os elementos disponíveis para a leitura do mundo – incluindo aí as tendências tecnológicas e a rápida circulação de informações sobre temas atuais-, devem ser não só seguidos ou utilizados para resolver problemas práticos, mas devem ser objeto de reflexão”.

Apesar da falta de contato com outras disciplinas, a maior parte dos alunos entrevistados frequenta outros institutos, por conta de desde cursos extracurriculares, até por causa de alimentação. Um ponto de debate e reclamações é a interdisciplinaridade. A USP exige que seus alunos cumpram certo número de créditos em disciplinas optativas – número que varia de curso para curso. Essa medida tenta assegurar que os alunos saiam de seus institutos e se envolvam com disciplinas de outras áreas. Essa possibilidade não só aumenta o leque de opções para os estudantes, como configura-se em mais um diferencial que a USP possui. Porém, ela ainda não parece ser suficiente.

Extensão

Outro ponto ouvido na pesquisa foi o conhecimento ou não de projetos de extensão. Cerca de metade dos entrevistados demonstraram não saber o que é um projeto de extensão e não conheciam projetos dentro dos próprios institutos. De acordo com o artigo 207 da Constituição Federal, as universidades públicas devem atender igualmente a três princípios: ensino, pesquisa e extensão. A PRCEU (Pró-Reitoria de Cultura e Extensão), determina que “as atividades de cultura e extensão universitária são concebidas como processo educativo, cultural e científico que integra o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a sociedade”. Nessa determinação, são considerados projetos de extensão atividades extra-acadêmicas que busquem não apenas  levar conhecimento produzido dentro da Universidade para fora dela, mas também promover interação entre os alunos e experiências fora da sala de aula.

43,1% sente falta de matérias de humanas

15,5% política, economia e atualidades

13,7% novas tecnologias

27,5% outros

10,3% está satisfeito