Projeto ensina ciência através de cultura pop

O foco é enriquecer e descomplicar o cotidiano de aprendizado em aulas do fundamental II
Ilustração: Natalie Majolo

 

Além de proporcionar muitadiversão; músicas, brincadeiras, filmes e livros de ficção podem ensinar muito sobre a ciência formal. Desde o ano passado, o projeto Alice (Arte e Lúdico na Investigação em Ciências na Escola), parte do grupo de pesquisas Banca da Ciência, da Escola de Artes, Humanidades e Ciências (EACH), têm se dedicado a utilizar esses elementos da cultura para enriquecer e facilitar o aprendizado nas salas de aula do ensino fundamental II.

Com uma quantidade razoável de bolsas de estudo e o interesse de alunos dos mais diversos cursos da EACH, o professor Luís Paulo Piassi é um dos coordenadores do projeto Alice e do projeto Joaninha, voltado para crianças do ensino fundamental I. Juntos, os projetos de extensão oferecem atividades extraclasse para alunos de três escolas da Zona Leste da cidade: EMEF Arquiteto Luís Saia, EE Irmã Annete Marlene Fernandes de Mello e EMEI Jardim Keralux.

Segundo o professor, o principal propósito das atividades é trazer uma abordagem mais humana da ciência, ciência como cultura. “Embora haja uma preocupação na aprendizagem do conceito, o nosso objetivo com o projeto é voltado para a questão de compreender o papel da ciência em outros âmbitos da vida humana, tanto na cultura como na política e na sociedade”, afirma.

Para Lívia Delgado, estudante de Gestão de Políticas Públicas e membro do projeto Alice, “a importância dessa aproximação se dá principalmente pela popularização da ciência na educação. Por meio de obras literárias, canções, filmes, entre outros produtos midiáticos, torna-se mais didático e divertido discutir questões relacionadas à ciência”.

Questão de gênero

Uma questão muito frequente no DNA do projeto é também a questão de gênero. O Alice, nome escolhido em homenagem à personagem de Alice no País das Maravilhas, é estruturado em seis frentes que agraciam mulheres das artes e das ciências. Essas frentes se integram e se revezam na organização das dinâmicas e, assim, conseguem abranger as diversas áreas da ciência e usam ferramentas variadas da cultura para o processo de aprendizagem.

“Desde que eu ingressei na EACH, nós temos trabalhado com projetos de pós-graduação e de iniciação científica no sentido de trazer elementos a cultura pop para o estudo da ciência. Chegamos, então, nesse desenho que contempla várias possibilidades de objetos e áreas”, conta Piassi.

Emma Watson, atriz conhecida por interpretar Hermione na saga Harry Potter e por ser embaixadora da ONU Mulheres, é uma das personalidades homenageadas que conquistou uma frente de atividades, a Emma (Estudos sobre Mulheres e Minorias na Arte-Ciência). Além dela, a cantora Rita Lee ganhou um grupo que usa a música como instrumento de pesquisa e a escritora Lúcia Machado de Almeida deu origem à frente sobre literatura. Já a comediante Maria de las Nieves (sim, a Chiquinha) encabeça a frente de brincadeiras. Cientistas não poderiam deixar de ser agraciadas: Jacqueline Lyra, engenheira brasileira da Nasa, ganhou um grupo sobre robótica e Dian Fossey, zoóloga norte americana, foi homenageada com uma frente que discute a natureza.

A estudante Lívia integra o grupo Emma e nota que as discussões sociais em sala de aula provocam uma mudança no comportamento e no olhar dos pré-adolescentes. “Os alunos do ensino fundamental, principalmente, demonstraram uma clara evolução ao longo das intervenções realizadas, tornando-se mais críticos e participativos”.