Robô interativo torna aulas mais atrativas

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Foto: Divulgação


O Instituto de Ciências Matemáticas e Computação da USP em São Carlos (ICMC) vem testando o uso de inteligência robótica para auxiliar o ensino de matemática com adolescentes. O simpático robozinho se chama NAO, tem uma página no Facebook (https://www.facebook.com/robonao/) e gerou bons resultados com alunos das redes pública e estadual da cidade. Os testes fazem parte de projetos de pesquisa da faculdade e visam a estimular as atividades em sala de aula.

Exemplo desses projetos é o mestrado de Adam Moreira, que utilizou o NAO no ensino de geometria para 62 alunos. Um dos desafios propostos aos estudantes era adivinhar figuras geométricas planas a partir de dicas dadas pelo robô, que reagia aos resultados. Quando o aluno acertava, NAO comemorava levantando os braços e acendendo luzes de LED em seus olhos. Em caso de erro, a tristeza aparecia em seus olhos vermelhos e a cabeça baixa. A interação foi positiva, e os alunos que tiveram contato com o robô obtiveram resultados melhores que os que não tiveram o contato.

Outro projeto, também do ICMC, estudou o rendimento dos estudantes em relação à interação com o robô, programado para ser mais simpático com um grupo do que com o outro. Para o primeiro, ele demonstrava interesse em conhecer o aluno e reagia às respostas certas e erradas, enquanto com o segundo grupo reagia de forma indiferente. Como resultado do projeto, que tem o desafio de envolver as áreas da pedagogia e tecnologia, os estudantes que tiveram contato com o robô interativo se sentiram mais motivados, segundo o doutorando responsável, Daniel Tozadore.

Limites da tecnologia

O pesquisador e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, Cesar Alexandre de Souza, conta que a tecnologia vem assumindo diversos espaços na área: “a inteligência artificial teve uma evolução grande recentemente com novas aplicações, muitas na educação, para automatizar diversas coisas que são feitas hoje por professores. Universidades americanas estão usando inteligência artificial para corrigir provas dissertativas”, exemplifica.

Mas a tecnologia, para Souza, é uma aliada do ensino e não a peça-chave. Como a educação é uma das grandes questões da humanidade, a sua complexidade não pode ser resolvida somente pela inteligência artificial, uma vez que a presença humana é indispensável. “O professor tem que ensinar a postura de entender criticamente a educação, ensinar o aluno a se apropriar dessa informação para aquilo que ele precisa, coisas que não são ensinadas em curso ou vídeo. O professor tem o papel de formar o cidadão”, afirma.

E ver a tecnologia como uma solução para a educação, antes de ser uma alternativa, para Souza, é um risco. “O risco da tecnologia é as pessoas acreditarem que é uma solução mágica, achar que a tecnologia vai resolver os problemas essenciais, porque formar as novas gerações é muito mais que só transmitir conhecimento”.