Startup de ex-alunos da USP vence competição no IFUSP

Projeto de um retinógrafo portátil acoplado a um smartphone conquista júri do IF
Foto: Mariane Roccelo
Foto: Mariane Roccelo

Modelo de retinógrafo portátil – equipamento médico utilizado para capturar imagens do fundo do olho – vence a competição Falling Walls Lab, realizada no Instituto de Física da USP no dia 19 de setembro. Dentre os 94 inscritos e 14 finalistas, se destacou o projeto de José Augusto Stuchi, que apresentava propostas inovadoras nos aspectos ópticos e tecnológicos do equipamento oftalmológico mostrado, em consonância com o que pedia o evento.

Com apenas três minutos para apresentar o projeto em inglês, os competidores tiveram que buscar maneiras de atrair o júri. A apresentação de Stuchi, que representava a startup Phelcom Technologies (criada por ele, Flavio Pascoal Vieira e Diego Lencione, todos ex-alunos da Universidade de São Paulo), procurou mostrar tanto as características acadêmicas e quanto as de negócio, bem como destacar o impacto social do equipamento desenvolvido. “Como a gente montou a apresentação sem saber o viés da banca, tentamos englobar os dois aspectos”, conta o engenheiro de computação.

O aparelho

Um retinógrafo padrão é um equipamento médico de mesa e é de alto custo, na faixa de 70 a 80 mil dólares, com manutenção feita somente por países como a Alemanha e o Japão. Segundo conta Stuchi, por do preço, o aparelho falta em muitos lugares do país, e por isso a Phelcom decidiu pensar em maneiras de baratear o custo e facilitar o acesso da população a esse tipo de exame. “A nossa ideia é propor um o novo modelo de negócio, queremos  alugar o equipamento ou então que o médico pague por uso, num modelo de hardware/software as a service, em que você disponibiliza o aparelho como um serviço”, explica Stuchi.

Com o desenvolvimento do retinógrafo portátil acoplado ao smartphone, o custo do equipamento ficaria muito abaixo do preço atual de mercado. Além disso, por conta de uma física óptica reduzida, que cabe na palma da mão, e de novos softwares, o aparelho pode ser móvel e operado por técnicos, o que o permite atingir áreas em que não há a presença de médicos especialistas. O celular acoplado possibilita que as imagens em alta resolução sejam colocadas na nuvem e analisadas a distância. Isso pode ser muito útil para o país, já que o Censo Oftalmológico de 2014 mostrou que no Brasil 85% das cidades não possuem um oftalmologista.

Marcelo Munhoz, presidente da Comissão de Cultura e Extensão, conta que apesar da grande diversidade de projetos apresentados, durante o intervalo de apuração era comentado entre a platéia o quão expressiva tinha sido a apresentação do retinógrafo.

O evento

O Falling Walls Lab é um fórum internacional no qual estudantes, pesquisadores e profissionais de mercado expõem ideias e projetos que podem impactar positivamente a sociedade. Realizado pela entidade sem fins lucrativos The Falling Walls Foundation, o evento teve sua 4ª edição brasileira realizada pela primeira vez na USP. Os dois primeiros colocados nessa etapa nacional, o projeto do retinógrafo e a pesquisa de Diogo Biagi sobre utilização de células-tronco em testes de medicamento, ganharam uma viagem para Berlim para participar da etapa internacional da competição.

Neste ano, a etapa brasileira foi organizada em conjunto pela A.T Kearney, pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação – São Paulo (DWIH-SP) e pelo IFUSP. A parceria com o instituto ocorreu por iniciativa do próprio, que entendeu a competição como uma boa oportunidade de incentivar os alunos e as pesquisas. Para Marcos Martins, diretor da Física, o evento é importante por levar o conhecimento acadêmico para fora da universidade, mas também por aumentar a interlocução com a sociedade. “Por ser uma oportunidade de expor nossos alunos a projetos inovadores e à convivência com pesquisadores atuantes e inspiradores, que procuram dar visibilidade a seus projetos, esse tipo de contato é benéfico aos estudantes”, afirma.