App promete recuperar pacientes com AVC

Doutorado tem participação de terapeutas da FMRP, EESC e IQSC e está em fase de testes finais

Reinaldo Mizutani
Olibário Neto conta com a ajuda de terapeutas para o desenvolvimento e calibragem do app | foto: Reinaldo Mizutani

Um aplicativo em desenvolvimento no Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC), da USP São Carlos, está em via de revolucionar o processo de recuperação motora de pessoas que tenham sofrido AVC (acidente vascular cerebral). A tese de doutorado de Olibário Neto, sob orientação da professora Maria da Graça Pimentel, promete um software responsável por monitorar e alertar o paciente caso sua postura não esteja adequada.

Segundo a assessoria de imprensa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, o AVC é a segunda principal causa de morte no Brasil e a principal causa de incapacidade no mundo. Dados do Ministério da Saúde, revelam que a cada cinco minutos um brasileiro morre em decorrência do AVC, contabilizando mais de 100 mil mortes por ano.

Entre as diversas sequelas de um AVC, está o comprometimento da estabilidade postural e dificuldade na reabilitação de movimentos finos, como os das mãos e dedos. De acordo com Neto, a recuperação se inicia com o prévio recobro do tronco e é parte importante do processo total.

E é justamente aí que o app pretende interferir: a ideia é que ele fique fixo no peito da pessoa e emita sinais sonoros e visuais de como a postura pode ser corrigida. “Os terapeutas levam tempo corrigindo a postura dos pacientes para que ocorra o aprendizado de forma correta. Com o aplicativo, os afetados poderão treinar em casa e chegar às sessões de terapia com a postura mais adequada”, explica Neto.

Como a formação de Olibário Neto é Ciências da Computação — pelo próprio ICMC —, ele conta com a parceria de duas terapeutas ocupacionais: a professora Valeria Elui, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), e a mestranda Amanda Peracini, do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Bioengenharia. Além de dividir a autoria do estudo, as terapeutas também serão responsáveis por triar pacientes que estejam aptos a fazer parte dos testes, que começam ainda esse ano.

Funcionamento e design

Para que o app funcione corretamente, ele depende da calibração anterior do terapeuta. A dinâmica é simples: o paciente é colocado na postura correta e o app é programado para manter a angulação a mais próxima possível da inicial. A partir daí, o app deve fornecer feedbacks visuais (com gradação entre o verde e o vermelho, de acordo com o nível de correção a ser feita) e sonoros. Como cada pessoa tem seu próprio eixo de equilíbrio, Neto esclarece que a angulação “pode ser customizada de acordo com as necessidades de cada paciente”.

Próximos passos

Além dos testes com portadores de hemiparesia (paralisia parcial de um lado do corpo), estão agendados alguns experimentos com pessoas sem deficiência ou sequelas. Se positivo, o resultado pode ser um aumento da autonomia de pacientes de RPG (reeducação postural global), por exemplo. Terminada a fase de testes, a equipe pretende disponibilizar o aplicativo para download e usufruto da população.