Crusp recebe pinturas do artista D’Ollynda

Obras coloridas expressam a mistura presente na cultura brasileira a convite da Amorcrusp
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foto: Giovanna Wolf Tadini

O artista D’Ollynda trabalhou em pinturas nas paredes do térreo do bloco F do Crusp neste último mês. A convite da Associação dos Moradores do Crusp (Amorcrusp), o pintor realizou a função de valorizar a cultura brasileira, por meio das vertentes africana e nordestina, em toda a sua mistura. D’Ollynda mora no Morro do Querosene e sempre quis fazer alguma obra na USP, por ser um vizinho da região e por ter um vínculo já que vários de seus familiares passaram pela Universidade.

Referindo-se a sua história pessoal, o pintor conta que “o cidadão nasceu em Olinda, mas o artista nasceu na Bahia”. Órfão de pai e mãe, ele pinta desde os 13 anos, quando foi à Bahia em busca de seu pai. Lá se deparou com um celeiro de arte: “Nunca vi tanta arte, São Paulo tem, Rio também, mas na Bahia explode a cada segundo um artista”, afirma. Na Bahia, foi se desenvolvendo como artista, autodidata, e entrou em contato com outros pintores que o incentivaram.

D’Ollynda se define como naife, isto é, realiza um estilo de trabalho que mostra a vida de um povo através da arte. Nesse sentido, o ser humano é base em suas obras. “Posso colocar só uma pessoa se eu quiser, colocar uma cidade vazia e um pescador, vai que está todo mundo dormindo e o cara acordou para ir pescar, mas tem que ter o ser humano”, diz. Além disso, ele explora o tema festivo, juntando no mesmo mural capoeira, maracatu e bumba-meu-boi. A mistura é um dos traços mais significativos de seu estilo, seja na representação de duas festas de regiões diferentes em uma mesma pintura de cenário imaginário, seja de forma geral na expressão da mistura da cultura brasileira. D’Ollynda conta que as máscaras que pintou no corredor não são africanas, são brasileiras e trazem uma temática africana. Assim, o artista evidencia em suas obras o caldeirão de referências que é a cultura brasileira.

Depois de 34 anos de trabalho, D’Ollynda tem seu trabalho espalhado por boa parte do planeta. Já expôs em bienais internacionais e nas melhores galerias de São Paulo e chegou a vender uma obra por vinte mil dólares. Por outro lado, já vendeu quadros no Crusp em uma sexta-feira à noite, por cinco reais. “Estar lá ou estar cá, o importante é fazer o seu trabalho”, diz.