Eleição para DCE tem menor quórum da década

Contando brancos e nulos, foram contabilizados 5.011 votos, 37% a menos que em 2015

A chapa Travessia venceu a disputa pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) Livre da USP “Alexandre Vannuchi” para a próxima gestão, que termina em novembro de 2017. Com 53,6% dos votos válidos (2536), a vitória ocorreu em pleito realizado nos dias 8, 9 e 10 de novembro e marcado pelo mais baixo comparecimento às urnas desta década: ao todo, foram contabilizados 5.011 votos, incluídos brancos e nulos, queda de 37% em relação ao total de sufrágios da eleição passada, que teve 7.839. O número corresponde a 5,6% do total de estudantes (89.120) da Universidade, entre discentes de graduação e pós-graduação, segundo o último levantamento oficial do Anuário Estatístico da USP, de 2014.

De acordo com apurações das eleições para DCE, a mais alta participação nas urnas deste decênio ocorreu em abril de 2012, quando 13.139 discentes compareceram à eleição.

Arte: André Calderolli
Arte: André Calderolli

O movimento USP Livre, que não lançou chapa neste ano, justifica a pequena presença nas urnas com a pouca representatividade de alunos não ligados ao movimento estudantil. “Falta representatividade ao estudante médio, que quer se formar e não se envolver em questões dessa ordem”, afirma o grupo.

Para Alexandre Quintino, do movimento Levante Popular da Juventude e integrante da chapa Por Todos os cantos, segundo lugar na eleição do DCE deste ano com 33,71% dos votos válidos (1597), a baixa participação se deve à falta de crédito com a política e ao contexto da própria eleição, a segunda no ano e sem “a chapa da direita”. “Em terceiro lugar, e talvez o motivo mais grave, seja o esgotamento dos métodos utilizados no movimento estudantil, com assembleias e espaços muito hostis e desconectados da realidade do país”, afirmou.

“Estes processos afastam os estudantes”, disse Quintino.

Procurada, a chapa vencedora preferiu não se manifestar em relação ao baixo quorum.

Arte: André Calderolli
Arte: André Calderolli

Em vez dos seis meses da administração anterior, a nova gestão do DCE terá mandato de um ano, conforme determina a seção IV do artigo 20° de seu estatuto.

Eleita em abril deste ano, a antiga gestão, Fazer a Primavera, comandou o diretório central pela metade da duração normal do mandato em razão do adiamento da eleição de 2013 pela greve, que interrompeu o calendário regular da entidade.

Desde então, a eleição do DCE tem acontecido em início de ano, contrariamente ao que diz seu estatuto, que institui a disputa para fins de ano. A abreviação de uma gestão com a realização de duas eleições em 2016 corrigirá o calendário de atividades do diretório.

Além da chapa vencedora e da segunda colocada, outras quatro disputavam o pleito. A terceira mais bem colocada foi Primavera nos Dentes, com 4,52% (214), seguida de Embarca na Luta, com 4,05% (192), Território Livre, com 2,09% (99), USP contra o Golpe, com 1,25% (59) e Ocupa K e L, com 0,84% (40). Brancos e Nulos somaram 5,46% (274).