Qual a forma de melhorar a gestão pública?

Maratona hacker propõe criação de soluções tecnológicas para problemas administrativos

No fim de semana dos dias 5 e 6 de novembro, alunos de tecnologia e aspirantes ocuparão o Centro de Competência em Software Livre (CCSL) do Instituto de Matemática e Estatística (IME-USP) para desenvolver propostas de softwares que amenizem e solucionem os problemas de transparência e eficiência na gestão pública. Trata-se da Hackathon USP – e-Governance, uma maratona criativa de 24 horas organizada pelo IME Workshop, grupo formado por estudantes de Ciências da Computação, e o Núcleo de Empreendedorismo da USP (NEU), composto por alunos de toda a Universidade.

Larissa Lopes
foto: Larissa Lopes

A Hackathon USP – e-Governance é a segunda maratona organizada pelo grupo imeano. A edição anterior, realizada em agosto, contou com a parceria da start-up Nubank e desafiou os participantes a apostarem em ferramentas para o mundo financeiro. Com o suporte da NEU, a nova edição possui três questões centrais: a ética em pesquisa; a transparência e o combate à corrupção; e a eficiência e desburocratização.

“Com todas as facilidades que ganhamos nos últimos anos com a internet, começar a usar esses novos meios de acesso à informação dentro do governo é um passo natural”, diz o mestrando e co-fundador do IME Workshop, Renato Cordeiro. “Infelizmente, porém, essa adoção pode ser mais lenta do que nós gostaríamos. Fazer um Hackathon é uma forma de fazer a nossa comunidade discutir mais sobre esse tema”.

Para Renato e o Núcleo de Empreendedorismo, a programação é uma ferramenta qualificada para aprimorar a administração pública. Os valores a serem trabalhados no evento aspiram a responsabilidade dos alunos em exercerem cidadania e da Universidade em contribuir com pesquisa e transparência para a sociedade.

O quesito Ética em Pesquisa visa produzir ferramentas que melhorem a compreensão do tema e instiguem o desenvolvimento de pesquisas na área. Sobre transparência e combate à corrupção, almejam criar mecanismos que evitem ou denunciem casos de desvios públicos, tanto através de comparação de dados quanto com a abertura de canais de denúncia. Grandes empresas da computação e redes sociais podem ser uma via que facilita o acesso à serviços em nuvem e, consequentemente, ajudam no gerenciamento e na análise de dados e de segurança. Eficiência e desburocratização também são valorizados para otimizar serviços administrativos, como já foi trabalhado na Hackathon que teve a participação da Nubank.

Larissa Lopes (1)
foto: Larissa Lopes

Público-alvo

Apesar de ser um evento ambicioso, Renato garante que pessoas que ainda não dominem programação são mais que bem-vindas para colocar seus conhecimentos em prática e aprofundá-los na maratona, afinal, é disso que um Hackathon se trata.

“Acreditamos que as maratonas são uma forma muito divertida de aprender a resolver problemas usando a tecnologia”, afirma o mestrando. “Nossa ideia é ter um evento em que até alunos do primeiro ano, com poucos conhecimentos de programação, possam participar. Ao mesmo tempo, tentamos trazer temas cujas soluções possam impactar na vida da própria Universidade, aplicando o potencial transformador da tecnologia para a melhoria da nossa comunidade”.

Empreendedorismo

Após o Edital de Soluções Inovadoras lançado no primeiro semestre pela NEU e a Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP), a visão do núcleo sobre o empreendedorismo na USP se expandiu. “Notamos a necessidade de executar atividades que elevem a qualidade e a consciência ética dos alunos”,­ diz Juliana Uechi, presidente do NEU e estudante de Engenharia Elétrica.

“Organizar uma Hackathon é muito importante para incentivar a cultura de empreendedorismo dentro da Universidade e as equipes vencedoras serão incubadas para transformar o projeto desenvolvido durante o evento em um produto e conseguir implementá-lo junto a USP”, explica. Serão premiados com três meses de incubação os três times que se destacarem em cada uma das questões centrais que o Hackathon aborda.

O Núcleo já possui 33 estudantes que desenvolvem pesquisas e iniciações científicas e mais de 40 start-ups criadas por ex-uspianos ainda vinculados à organização.

Para Renato, “um Hackathon é uma ótima oportunidade para estimular os estudantes da USP a usarem seus conhecimentos para resolver problemas reais”. Ao longo de sua graduação, o estudante ficou incomodado com a distância entre os estudos e a prática da computação. Segundo ele, eventos como a maratona “ajudam a manter os alunos motivados, estimula-os a aprender por conta própria, incentiva a pró-atividade e pode servir para que eles se engajem em projetos maiores, que envolvem pesquisas e inovação”.

Além disso, o Hackathon é uma grande oportunidade para se preparar para o dia-a-dia do mercado de trabalho. Ao final do evento, os participantes terão que apresentar seus projetos em dois minutos, o que exige capacidade de síntese, espírito empreendedor, pró-atividade e organização em equipes.  “De certo modo, um Hackathon leva os candidatos a fazerem a pergunta: ‘Se isso é tudo que eu posso fazer em 24h, o que será que eu posso fazer com muito mais tempo de trabalho?’”, reflete Renato.

 

Hackathon USP e-Governance

Quando: 5/11 a 6/11, às 15h

Onde: Centro de Competência em Software Livre (CCSL) no IME-USP