Exposição estreia o novo Espaço das Artes

Instalação “Pós-Poéticas” apresenta trabalhos dos alunos da pós-graduação em Artes Visuais
Foto: Bruna Martins
Foto: Bruna Martins

No dia 23 de novembro, a mostra Pós-Poéticas teve início no espaço que, até o final de 2015, sediava o Museu de Arte Contemporânea. Até o dia 18 de março de 2017, visitantes podem conferir gratuitamente as obras produzidas pelos alunos da pós-graduação em Artes Visuais da ECA no Espaço das Artes.

Para o curador e professor da ECA Marco Giannotti, a exposição demonstra a diversidade do programa em Artes Visuais. “É a maior vantagem do nosso curso”, ele afirma. As obras dos nove artistas (Ana Tomimori, Andréa Tavares, Cassia Aranha, Filipe Barrocas, Inês Bonduki, Julia Mota, Juliano Gouveia dos Santos, Pedro Hamaya e Renato Pera) variam entre pinturas, gravuras, fotografias, instalações, performances e vídeos.

Segundo Gioannotti, o espaço é importante para a ECA porque há décadas o instituto tem a necessidade de um local para expor os trabalhos dos alunos. “Por muito tempo, dependíamos de outros locais cederem salas. Agora temos um com o qual podemos contar”, ele explica.

Claudio Mubarac, chefe do Departamento de Artes Visuais (CAP), compartilha dessa visão. “A demanda por uma sala de exposições surge junto com o curso. Um curso de artes visuais sem um espaço para expor é como um curso de teatro sem auditório. Os alunos estudam, leem, se preparam e não têm como demonstrar esse conhecimento”. Ele afirma que, nesse sentido, o novo espaço já está gerando frutos positivos: além da Pós-Poéticas, o Espaço das Artes sediará a partir do dia 9 de dezembro uma exposição dos trabalhos de conclusão de curso dos alunos da graduação, também em Artes Visuais. No futuro, todos os departamentos de Artes da ECA terão exposições no Espaço.

As novas dependências também contribuem para a internacionalização dos cursos, afirma Mubarac. No futuro, será possível receber artistas de outros estados ou países e fazer oficinas com os alunos da ECA. “Sem infraestrutura adequada, isso é impossível”, ele defende. Giannotti, que em 2013 foi Presidente de Relações Internacionais da ECA, concorda com o chefe de departamento: “Antes, não tínhamos uma moeda de troca. Com as novas instalações, teremos algo a oferecer nos intercâmbios”.

O curador também cita a possibilidade de parcerias com outros museus e instituições culturais da cidade: “não é porque ocupamos um espaço que antes era do MAC, por exemplo, que somos concorrentes. Temos muito a aprender com eles”.

A partir de janeiro, os chefes dos departamentos de artes montarão um calendário de mostras, oficinas e exposições para que o espaço não fique inativo novamente. “Não acho que seja um delírio dizer que o Espaço das Artes pode se tornar mais um equipamento cultural da cidade”, Mubarac afirma. Essa perspectiva está de acordo com a função da extensão na Universidade, de reverter à sociedade os serviços que mantém a USP funcionando.

Ex-sede do MAC reabre

Na última semana de novembro, o espaço que costumava sediar o Museu de Arte Contemporânea, próximo ao bandejão central, foi reaberto ao público sob a administração da Escola de Comunicações e Artes (ECA). Desde o final do ano passado, o prédio esteve vazio, conforme noticiado pelo Jornal do Campus na segunda quinzena de agosto.

A exposição “Pós-Poéticas” inaugurou o Espaço das Artes no último dia 23 com os trabalhos dos alunos da pós-graduação do CAP. Segundo Claudio Mubarac, a falta de infraestrutura foi o principal motivo para o atraso no início das atividades no novo Espaço das Artes. “O prédio veio solitário: sem funcionários, sem vigias, sem nenhum tipo de zeladoria”, ele afirma.

Quando o MAC foi transferido para a nova sede no Ibirapuera, alguns membros da USP desconfiaram das motivações por trás da obra: um funcionário que preferiu não se identificar, por exemplo, afirmou acreditar que a transferência da sede do museu é uma estratégia de precarização da Universidade.

Ao longo deste ano, a ECA iniciou uma série de trâmites com a Reitoria para adequar o novo prédio às demandas de cada um dos departamentos de Artes (Cênicas, Visuais e Música). A inauguração do espaço não significa que todos os requisitos foram atendidos, conta Mubarac: “Começou de maneira bastante tímida: já temos um zelador e um vigia destinados pela Reitoria. Mas, com essa estrutura, só conseguimos manter o espaço aberto de segunda a sexta das 9h às 18h.”

Mubarac afirma que ainda são necessárias salas de ensaio (tanto de teatro quanto de música) e uma biblioteca que acomode livros raros que atualmente estão no acervo da biblioteca da ECA. Contudo, não há previsão de prazo para a realização dessas obras.

 

Por Luiza Missi