Docentes iniciam campanha pelo “Fora Zago”

Professores pedem democracia propõem alternativas de financiamento para a Universidade

A Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) iniciou, a partir do dia 9 de Março, um calendário de mobilizações contra o reitor Marco Antonio Zago, o vice reitor Vahan Agopyan e os pró-reitores da USP, classificados, em nota publicada no site da entidade como “inimigos da universidade pública”.

O estopim para as ações da Associação foi a convocação da tropa de choque da Polícia Militar para dispersar o ato do dia 7 de Março, organizado por alunos, funcionários e docentes da Universidade, na tentativa de adiar o Conselho Universitário que aprovou os chamados “Parâmetros de sustentabilidade econômico-financeira da USP” (página seguinte), considerados inadequados pela Adusp. Para Cesar Pinto, professor da Faculdade de Educação e presidente da Adusp, a gestão Zago “age com desrespeito, falta de seriedade administrativa e de maneira autoritária”.

“Não existe uma crise financeira. Existe uma crise de financiamento”, declarou Cesar, em ato de repúdio às ações da reitoria, realizado na última segunda-feira, 20. Para a Adusp, a solução para as contas da USP é buscar outras formas de financiamento, uma vez que, atualmente, as universidades estaduais paulistas recebem apenas uma 9,57% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), cujo valor real diminui em tempos de recessão econômica.

A proposta da Reitoria é de restringir o gasto com pessoal, limitando 60% desse gasto a funcionários e 40% a docentes. Os opositores da proposta afirmam ser inviável impor esse teto, pois o resultado pode ser a redução de postos de emprego, em um momento no qual institutos já trabalham com contingente reduzido de pessoas.

Apesar de se opor ao modus operandi de Zago e seus colegas, os docentes não indicaram deflagrar greve, ao menos no curto prazo. Para Cesar Pinto, o momento é de convencer, com argumentos consistentes, de que a gestão da USP é feita de maneira inadequada, e que é preciso avaliar como será daqui para frente.

Reunião da ADUSP. Foto: Guilherme Weffort
Reunião da ADUSP. Foto: Guilherme Weffort

A reitoria disse que não vai se posicionar sobre as acusações de falta de democracia, e repetiu que conselheiros foram agredidos por manifestantes.

Parlamentares endossam o coro, como o Deputado Estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP) compareceu ao ato da Adusp, no dia 20, e afirmou seu compromisso com as reivindicações dos docentes. Ele pediu a convocação do reitor Zago para depor nas Comissões de Direitos Humanos e Educação. A ideia é pedir explicações a respeito do uso da tropa de choque contra os manifestantes. Há também ações no Ministério Público e no Tribunal de Contas do Estado (TCE), para que haja uma investigação sobre as contas da universidade, especialmente no que se refere aos gastos com as grades colocadas ao redor da “Prainha”, na ECA.

Abaixo-assinado. Mais de 10 mil pessoas, entre estudantes, funcionários e professores da USP, além de juristas, parlamentares e entidades de classe, assinaram uma carta aberta ao reitor Marco Antonio Zago, elaborada pelo Balaio, coletivo do movimento estudantil uspiano. O grupo pretende agir para ampliar o debate a respeito do novo regime financeiro da USP, e acionar órgãos públicos para “defender a democracia dentro da nossa universidade com base na carta”, disse Luna Zarattini, estudante de licenciatura em Ciências Sociais. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) também está colhendo assinaturas de um abaixo-assinado pela revogação do Conselho Universitário do dia 07 de março e planejando ações futuras.