Circulação de alunos aumenta na Brasiliana

Vão que abriga a livraria João Alexandre Barbosa e a nova sede do Instituto de Estudos Brasileiros (Foto: Álvaro Logullo Neto)

O espaço da Biblioteca da Brasiliana Guita e José Mindlin tem se deparado com a baixa assiduidade dos frequentadores da Universidade de São Paulo desde sua inauguração em setembro de 2015. No entanto, tem sido notável o aumento da circulação de pessoas no complexo, que, atualmente, conta com um auditório para cerca de 250 pessoas, uma livraria, lanchonete, além da própria biblioteca e do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros), ainda em reforma.

De acordo com Augusto Matos, chefe da segurança do lugar, cada vez mais pessoas têm frequentado o prédio da biblioteca, muito em função dos diversos serviços e espaços que apresenta. “Isso aqui tem ficado cada vez mais cheio. Temos uma sala de música, com apresentações toda quinta-feira, uma sala de estudos e exposições que tem atraído muita gente nova.” Segundo ele, a Biblioteca inclusive tem se tornado referência para os alunos, sendo comumente chamada de “Biblioteca Central”, já que possui um dos maiores acervos do mundo de livros sobre o Brasil, com raridades como o original do Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa.

“Rainha das Saladas” é ponto de encontro de estudantes da USP (Foto: Álvaro Logullo Neto)

Matos também ressaltou a influência positiva da nova lanchonete, que tem sido uma porta de entrada para os alunos conhecerem o complexo. Como reiterou a gerente do “Rainha das Saladas”, Josefa Macedo, o estabelecimento atraiu alunos e funcionários de institutos próximos, que enxergam ali não só uma praça de alimentação, mas também um espaço de convívio agradável.

Em contrapartida, o fluxo crescente de pessoas não se reflete em todos os locais. No andar de baixo da lanchonete, a livraria João Alexandre Barbosa não desfruta do mesmo sucesso. Apesar de apresentar materiais difíceis de encontrar em outros lugares e das vendas terem crescido 15% entre janeiro e abril deste ano, em comparação ao mesmo período em 2016, a livraria ainda encontra dificuldades para expandir o número de clientes.

Livraria sofre com pouca divulgação dos espaços da Brasiliana (Foto: Alvaro Logullo Neto)

Os funcionários reconhecem que boa parte do público que frequenta a loja gira em torno do mesmo nicho de pessoas, e alegam que a localização e a falta de divulgação em torno da Brasiliana são os principais fatores para esse baixo crescimento. “Poucas pessoas conhecem a livraria, muitas nos ligam pra saber aonde é ou como chegar. Nosso maior fluxo se dá quando acontecem eventos no auditório ou no horário de almoço, quando as pessoas vêm à lanchonete e acabam passando por aqui.” contou Gabriel da Silva, gerente da loja. Ele considera a área ainda muito mal utilizada, dado o potencial que apresenta.

Outro prédio que encontra dificuldades nesse sentido é o do IEB, mas por outro motivo. Criado por Sérgio Buarque de Holanda, em 1962, o Instituto reúne pesquisas e documentos multidisciplinares sobre a cultura do Brasil. Recentemente alocado para a Brasiliana, o IEB está em reforma e tem estado praticamente vazio na maior parte do dia, ainda sem todo o seu acervo e com poucas aulas ao longo da semana. A previsão era de que o prédio estivesse pronto ainda em 2016, mas, o que se vê atualmente é um local inacabado e sem previsão de entrega.

Em meio a esses diferentes panoramas, alguns alunos estão constantemente no complexo. Lucas David estuda filosofia na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e, por conta da proximidade, faz uso da Brasiliana desde sua inauguração. De acordo com o aluno, a circulação tem aumentado significativamente com o passar do tempo, tendência que atribui ao bom sinal de internet, às novas salas de estudo e eventos culturais. “O espaço ainda tem muito o que melhorar, o barulho, por vezes, atrapalha os estudos e as apresentações de música são muito eruditas, o que pode tornar os eventos um tanto quanto restritos”.

O complexo da Biblioteca Brasiliana ainda encontra dificuldades, principalmente no que tange à divulgação de tudo que agrega, estando restrito aqueles já o conhecem ou que frequentam institutos vizinhos. Apesar disso, a constância de atrações artísticas, junto a um espaço agradável de convívio entre os alunos tem feito com que o local se torne cada vez mais popular. Com a continuação destes projetos, a utilização do auditório e a finalização da reforma do IEB, a tendência é que o número de pessoas que o frequenta continue aumentando.