Estudantes ocupam Prefeitura do Campus de São Carlos em prol das moradias

Mobilizados por melhorias nas moradias estudantis, alunos ocupam a Prefeitura do Campus da USP em São Carlos desde a noite de sexta-feira (31 de março). Nesse dia também ocorreu, no mesmo local, a reunião de negociação entre representantes do Centro Acadêmico Armando Salles de Oliveira (CAASO) e o atual prefeito Edmundo Escrivão Filho, com presença de integrantes do Conselho Gestor, os professores Alexandre Nolasco de Carvalho e Paulo Sérgio Varoto, diretores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) e da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), respectivamente.

O motivo da ocupação, segundo manifesto publicado na página “Mobiliza CAASO” nas redes sociais, teria sido a intransigência dos gestores diante das reivindicações feitas pelos estudantes, entre as quais a reposição e manutenção do patrimônio pertencente às moradias (colchões, lâmpadas, camas, entre outros materiais); reconhecimento do modelo de autogestão do alojamento e regularização dos serviços de limpeza e segurança, afetados pelos Programas de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV).

As negociações com a prefeitura vinham ocorrendo há cerca de seis meses, quando as solicitações de reparos nos prédios do alojamento pararam de ser atendidas sob justificativa de que seria necessária uma ‘varredura’ em todos os quartos. “Os moradores e moradoras do Aloja decidiram em assembleia que não permitiriam tal invasão de privacidade e, em contrapartida, a Autogestão fez o inventário minucioso dos patrimônios e entregou à prefeitura, que não reconheceu o documento e, como represália, Edmundo passou a autorizar apenas solicitações urgentes”, expõe o manifesto.

Atualmente, os alojamentos seguem modelo de gestão autônoma, vigente desde 1966:  os moradores escolhem por assembleia seus 12 representantes administrativos (dois tesoureiros, dois secretários, cinco diretores de patrimônio, um diretor geral, um social e um cultural), que desempenham funções como o controle de chaves, inventário de materiais, resolução de conflitos, entre outros. Além disso, também instauram uma Comissão de Seleção composta por oito alunos, cinco professores e três assistentes sociais que, em conformidade com a Superintendência de Assistência Social, discutem os critérios de inclusão de novos moradores.

Entraves

A Prefeitura do Campus conseguiu liminar de reintegração de posse do prédio ocupado, expedido pela Juíza de Direito da Vara da Fazenda Pública do foro de São Carlos na última segunda-feira, 03 de abril. Em nota, o Prefeito Edmundo afirma que durante a negociação, que durou quatro horas e meia, todas as propostas de conciliações apresentadas pelos dirigentes foram rejeitadas pelos alunos. “Anteriormente, haviam sido constatadas graves irregularidades na moradia estudantil e duas comissões de sindicâncias foram instaladas”, diz a nota sem especificar quais seriam as irregularidades. “Cabe destacar que qualquer desrespeito a direitos constitucionalmente assegurados serão passíveis de tomada de todas as medidas cabíveis”.

Os ocupantes realizaram aula pública ministrada por professores do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU), enquanto aguardavam os oficiais de justiça e a presença de autoridades que executariam a desocupação do prédio. Até o fechamento desta edição, a liminar foi entregue aos estudantes, que em assembleia decidiram resistir e continuar a ocupação.