Índice pontua alimentos amigos do coração

(Imagem: Leticia Fuentes)


Pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) cria índice de pontuação para classificar a adequação das dietas às diretrizes do Programa Alimentar Cardioprotetor Brasileiro (DICA Br). O sistema de pontuação foi desenvolvido para avaliar se um programa nutricional ajuda na prevenção da reincidência de doenças cardiorrespiratórias.

A nutricionista Jaqueline Silva fez parte da equipe que desenvolveu o índice e afirma que a alimentação tem papel fundamental na prevenção de doenças cardiovasculares. Ela chama atenção para o fato de que os padrões alimentares cardioprotetores são difíceis de serem alcançados, pois muitos dos alimentos que o compõem não fazem parte do hábito alimentar brasileiro.

De maneira geral alimentos cardioprotetores são ricos em antioxidantes, vitaminas, minerais, fibras e contêm baixo teor de sódio, açúcar refinado, colesterol e gordura trans. Essas características são facilmente encontradas em legumes, verduras, frutas, leite desnatado e feijões.   

O estudo foi realizado em parceria com o Ministério da Saúde e o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração (HCor). O HCor faz parte do programa Proad SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde) que seleciona hospitais de excelência que possam contribuir para melhoria do sistema de saúde pública. Como, por exemplo, a condução de pesquisas com impacto clínico em que os resultados possam ser aplicados futuramente. Outras 35 instituições participam do Proad Sus.

A PONTUAÇÃO DO ÍNDICE

A dieta de cada indivíduo estipula uma quantidade de porções que deve ser ingerida em cada um dos quatro grupos de alimentos. Separadamente, cada seção recebe uma pontuação de 0 a 10, totalizando 40 na soma final. Zero significa que não houve nenhuma adequação à dieta, e dez representa adequação total.

Para a organização dos dados coletados no estudo, são marcados encontros periódicos com os participantes para verificar do andamento da dieta. O registro pode ser feito a cada seis meses, por exemplo, e deve descrever tudo o que o indivíduo consumiu no dia anterior (recordatário 24h). A partir dos dados coletados, cada paciente recebe uma pontuação por seção que é somada e computada por um software. “Quanto maior a pontuação mais próxima a pessoa fica das recomendações nutricionais cardioprotetoras” Afirma a pesquisadora.

A DIETA NO BANDEJÃO

A respeito do cardápio dos bandejões da USP, Jaqueline Silva aponta aspectos positivos e negativos. Entre os principais pontos positivos a nutricionista ressalta a presença de cardápio vegetariano em todas as refeições. Outra questão é a presença de frutas como opção de sobremesa.

Silva ressalta que cada indivíduo tem uma necessidade nutricional específica, portanto, as recomendações sempre variam de pessoa para pessoa. Entretanto, a nutricionista chama atenção para a quantidade de calorias por refeição dos pratos servidos no almoço e na janta dos restaurantes universitários (média de 800 kcal por refeição). O almoço, por exemplo, deve representar de 20 a 30% do consumo diário de calorias. Tomando como base as recomendações de consumo de 2000 kcal diárias, a quantidade ofertada no bandejão ultrapassa esse número.

A nutricionista explica que, apesar de excessivas, as quantidades ofertadas nos bandejões se encaixam no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), conjunto de normas às quais restaurantes de alimentação coletiva estão submetidas. E explica que para uma alimentação mais próxima das recomendações nutricionais, o estudante deve estar atento às porções ingeridas. As observações de Silva foram feitas a partir do cardápio de cinco bandejões da USP (Central, Química, Lorena, EACH e Enfermagem) entre os dias 10 e 16 de abril.