Proibição empurra festas para fora do campus

Com a proibição de festas na USP, eventos se espalharam por São Paulo (Foto: Leticia Fuentes)

Em 2015 o Conselho Gestor do campus do Butantã criou uma série de regras para a realização de festas no campus, incluindo a proibição da venda e consumo de bebidas alcoólicas. Como as bebidas estão presentes em todas as festas da Universidade e sua venda é um dos principais meios de financiá-las, a medida, na prática, proibiu esses eventos. A fiscalização sobre as entidades que organizam as festas também aumentou.

As medidas foram implementadas após a morte de um estudante no campus em 2014, depois de ter participado de uma festa, em circunstâncias ainda não esclarecidas.

A iniciativa mudou profundamente a rotina da Cidade Universitária, onde costumavam ser comuns durante todo o ano as festas em dezenas de institutos, especialmente às quintas, sextas e sábados, sempre com a venda de bebidas alcoólicas. Desde 2015, o número e o tamanho das festas no campus diminuiu drasticamente, apesar de ainda haver haver algumas festas, inclusive com a venda de bebida.

As Atléticas e Centros Acadêmicos de cada instituto, que são os principais organizadores desses eventos, passaram a realizar mais festas fora do campus, em diversos bairros da cidade e com ingressos e preços de bebidas mais altos do que antes.

Para Jorge Fofano Junior, diretor-geral de patrimônio da Atlética do Instituto de Química, a proibição de festas “foi um baque muito grande e extremamente problemático. A repressão veio muito forte da diretoria do Instituto de Química e de outras partes. Nestes dois últimos anos, nossas festas têm sido todas fora do campus, mas há dificuldades de ordem financeira, já que não estávamos habituados ao pagamento de aluguel de espaço e demais taxas.”

Para ele, as festas de hoje estão mais inacessíveis aos alunos. “Além da dificuldade de deslocamento, as festas ficaram mais caras”, diz ele. Jorge, no entanto, vê um contraponto aos prejuízos causados pela proibição:“Mandar as festas para fora do campus nos tirou um pouco da bolha da vivência uspiana.”

Para Gabriela Nogueira, presidente da ECAtlética, que transferiu sua maior festa anual para fora da Cidade Universitária, “as festas no campus não são mais viáveis, mas fora dele também são pouco viáveis, pois os valores são muito altos e não valem a pena.” Ela discorda da proibição. “As festas são um momento importante para a convivência universitária. O que tem que ser feito é pensar políticas de segurança e controle dos eventos, mas não a proibição deles.”

O Centro Acadêmico Lupe Cotrim (CALC), da ECA, continua promovendo a “Quinta i Breja”, tradicional festa que reúne semanalmente estudantes de todo o campus na vivência da faculdade. Marcos Hermanson, um dos diretores da entidade, diz que “as festas são legítimas e importantes para ocupar o espaço, para a confraternização e também para a vida acadêmica.”

No entanto, a persistência do CALC gerou reações: membros das gestões de 2015 e 2016 respondem a sindicâncias da reitoria e foram chamados a depor por insistirem em realizar a festa (não houve sindicância contra os membros da gestão atual).