Artes marciais buscam espaço no esporte da USP

Lutas participam cada vez mais das competições, mas falta de inscritos ainda é problema

Equipe de jiu-jitsu da Poli treina de segunda a sexta-feira no Núcleo de Artes Afrobrasileiras da USP. (Foto: Vinícius Sayão)


As artes marciais são esportes que marcam presença em grandes competições espalhadas pelo mundo, e no esporte universitário uspiano isso não poderia ser diferente. Nos últimos anos, as lutas vêm sendo inseridas nas principais competições da Universidade. Em 2014, por exemplo, o jiu-jitsu masculino foi introduzido no Bife, cuja edição mais recente (2016), contou com a estreia do judô absoluto (quando não há divisão por peso).

Além do Bife, outros torneios já possuem artes marciais. São os casos da Copa USP, que conta com taekwondo, jiu-jitsu, karatê e judô, e do InterUSP (inter organizado pelas atléticas da Odonto, Farma, Medicina, Poli, Sanfran, Esalq, Medicina Ribeirão e FEA), que oferece as modalidades judô e karatê.
Apesar da crescente participação das lutas nas competições, ainda existe o problema da falta de atletas que se inscrevem para os torneios. No Bife, por exemplo, jiu-jitsu e judô são modalidades demonstrativas. Segundo regulamento, a modalidade deixa de ser demonstrativa e se torna oficial depois de ocorrer em três edições, tendo que, na terceira, ter pelo menos seis inscritos. Foi o que faltou para o jiu-jitsu masculino se tornar modalidade obrigatória no ano passado. “Manter essas modalidades como demonstrativas pode ser prejudicial, desestimulando os atletas”, comenta Raquel Carvalho, integrante da Comissão Organizadora do Bife.

Problema semelhante acontece com a Copa USP. Jiu-jitsu, judô, karatê e taekwondo são modalidades que existem no regulamento da competição, porém, elas não acontecem todo ano. Para que a competição aconteça, é necessário que alguém se disponha para organizá-la, alguém que conheça o meio das artes marciais e suas necessidades específicas: “Como o pessoal das artes marciais em geral não faz atlética, é difícil que alguém toque isso”, explica Bruno Aust, estudante de direito e um dos responsáveis por ajudar na organização dos torneios da Laausp (entidade que organiza a Copa USP, BichUSP e os Jogos da Liga).

Lucas Soares, estudante de Filosofia da FFLCH e lutador de jiu-jitsu, acredita que a falta de atletas é principalmente devido à falta de divulgação: “algumas vezes perdi a oportunidade de participar por ter ficado sabendo do campeonato em cima da hora. Seria legal se pudéssemos unir a galera que treina separada, mas para isso precisamos nos conhecer, devem acontecer eventos de integração”.
“Às vezes, alguns atletas nem sabem da existência da atlética e que existem competições no âmbito​ universitário”, concorda Raquel Carvalho, que completa: “essa falta de conhecimento, tanto da atlética quanto do atleta, faz com que as modalidades demorem pra entrar nas competições”.

Outro problema relacionado à falta de atletas que conhecem e se inscrevem nas competições é a diferença de categoria entre os participantes. Quando há poucos competidores inscritos, é difícil organizar o torneio de maneira justa, já que, por exemplo, é inviável que um lutador faixa branca enfrente outro faixa roxa.

No entanto, as tentativas para se inserirem as lutas em mais competições continuam em pauta. Para edição deste ano, a Comissão Organizadora do Bife tentou acrescentar o jiu-jitsu feminino e o karatê, mas a inserção ainda não foi aprovada em votação. O InterUSP também tenta acrescentar o jiu-jitsu em seu quadro de esportes, mas barra no problema do pequeno número de atletas em determinadas faculdades.

Desde 2011 envolvido com o jiu-jitsu na USP, Júlio Cauhy, lutador e treinador da Equipe da Poli, comenta que existem equipes da modalidade espalhadas pela USP, como as da Poli, Eefe, Física, Med e Sanfran, sendo que muitas delas são abertas para alunos de todos os institutos.

A equipe da Poli de jiu-jitsu, treinada por Júlio, conta com cerca de 20 alunos, de diferentes institutos. Atualmente, a equipe treina apenas no Núcleo de Artes Afrobrasileiras da USP. Anteriormente os treinos eram divididos: segunda e quarta no Núcleo e terça, quinta e sexta no módulo do Cepe, que agora está em obras.

Na Cidade Universitária existem quatro locais para os treinos de luta: um dos módulos do Cepe (atualmente passando por reformas), que possui um amplo tatame; uma outra sala menor e mais reservada, também no Cepe; e existe ainda um tatame na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) e um no Núcleo de Artes Afrobrasileiras, usado principalmente pelas equipes da Poli.