Debate lança campanha para manutenção de espaços

 

(Foto: Cecília Bastos/Imagens USP)

“A instalação dessa grade é de uma ignorância ditatorial e anti-democrática.” É assim que o ator Pascoal da Conceição, formado na Escola de Arte Dramática da USP, avalia o cercamento do prédio onde funcionam o Centro Acadêmico e a Atlética da Escola de Comunicações e Artes (ECA). Após a construção da cerca, feita durante as últimas férias por ordem da Reitoria, foram impostas restrições de acesso ao prédio e ao seu entorno.

O ator foi um dos participantes de evento realizado no dia 2 de maio no Piso do Museu da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), que marcou o lançamento da campanha “Em Defesa dos Espaços Estudantis”, organizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e por centros acadêmicos da Universidade cujos espaços estão ameaçados.

Reunindo o professor de Direito da USP, Carlos Souto Maior, a professora da FAU, Luciana Royer, bem como o sociólogo Carlos Menegozzo e o ator Pascoal da Conceição, a discussão girou em torno da importância dos espaços estudantis como áreas de convivência e organização política dos alunos.

A campanha busca denunciar outras ações que considera ataques da Reitoria à autonomia estudantil — como a proibição da realização de festas e da locação de espaços de centros acadêmicos para livrarias e lanchonetes a fim de financiar as entidades.

“A cerca simboliza divisão e desunião. É fruto de um pensamento que não quer o coletivo junto, que não quer a praça cheia de gente. É um pensamento pré-histórico”, disse Pascoal ao JC.

Para o ator, “os centros acadêmicos são um espaço necessário porque possibilitam a reunião dos estudantes, que sempre foram foram parte significativa da luta libertária e democrática. Eles têm minha solidariedade. Nada mais justo e lógico do que tratá-los como aliados das renovações, e não como adversários da Universidade”.

Pascoal, que interpretou Mário de Andrade na minissérie Um Só Coração e o Dr. Abobrinha no Castelo Rá-Tim-Bum, também defende as festas no campus, proibidas pela reitoria desde 2015. “As festas são absolutamente importantes. Todo mundo já participou delas. Elas permitem aos estudantes ter encontros sociais dinâmicos, experimentar outras coisas, se conhecer e aumentar laços.”

Outro participante do evento, o sociólogo Carlos Henrique Menegozzo, afirma que “os órgãos de representação estudantil são um espaço importante não só em termos acadêmicos e de lazer, mas também de encontro e convívio, que possibilitam a formação de pensamento crítico.”

Segundo os organizadores da campanha e do debate, o objetivo agora é abarcar cada vez mais entidades da USP — como baterias universitárias e atléticas — e conseguir fazer com que as demandas dos estudantes com relação aos espaços estudantis sejam legitimadas pela comunidade e pela burocracia universitária.