Museu do IOUSP se reestrutura com dificuldades

Falta de verba é obstáculo para conclusão do projeto de reestruturação do espaço

Por André Siqueira

O Museu do Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP) é um espaço que traz iniciativas como exposições permanentes, temporárias e itinerantes. A necessidade de adequar o local aos avanços da ciência, como forma de fomentar sua difusão, incentivou a criação de um projeto para sua reestruturação. O JC conversou com Sérgio Castro, chefe do Museu Oceanográfico e funcionário da USP desde dezembro de 1988, para conhecer um pouco mais sobre esta iniciativa que existe há 17 anos.

Sérgio conta que o projeto foi idealizado por ele e por Maurício Cândido da Silva, chefe do Museu de Anatomia Veterinária da USP. “Foi uma iniciativa minha, porque o espaço expositivo e os programas educativos de difusão da ciência oceanográfica precisavam ser atualizados”, conta. Segundo dados do IOUSP, a exposição permanente que forma seu acervo é dividida em módulos que evidenciam a dinâmica, a estrutura e a biodiversidade dos oceanos. O visitante pode obter informações sobre embarcações utilizadas pelo Instituto Oceanográfico em pesquisas, como o Camburiú, a primeira embarcação utilizada na região de Cananéia e Iguape, no litoral de São Paulo.

Para o chefe do Museu, a principal dificuldade encontrada para a conclusão da reestruturação é o custo. Os equipamentos, que envolvem cenários relacionados à oceanografia, painéis digitais e dioramas – um modo artístico de apresentação tridimensional de cenas cuja finalidade é instruir – são caros, o que exigiria uma parceria público-privada. “Alguns docentes do IOUSP nos ajudam com editais e contatos de possíveis patrocinadores e parcerias privadas, porém, não é fácil conseguir verba para tudo”, disse o servidor.

Mesmo com as dificuldades encontradas, o Museu Oceanográfico já implementou inovações em sua estrutura. Uma delas é a tradução simultânea de vídeos, do inglês para o português, expostos ao público. Há, ainda, um sistema de libras que, segundo o chefe do espaço, é único no Brasil e um dos três existentes em todo o hemisfério sul. Essa combinação viabilizou a Science on a Sphere, um sistema de projeção de vídeos e imagens gerados pela NASA. “Este sistema foi adquirido através de um projeto de parceria entre FAPESP/USP/Instituto Oceanográfico e fica aberto para visitação de terça a sexta, das 9h às 17h”, conta Sérgio.

O funcionário diz que, embora o Museu tenha evoluído bastante, há muito o que se fazer. “Tínhamos uma sala de apenas 24 m² e hoje temos mais de 600, destinados a exposições. Temos também um setor de empréstimo de materiais biológicos que atende a USP e a comunidade externa”. Segundo Sérgio, professores e alunos da rede de ensino oficial podem utilizar o acervo em aulas práticas, feiras de ciências e exposições.

O Museu do IOUSP está buscando disponibilizar o acervo de instrumentos utilizados para as pesquisas de oceanografia no Brasil. Sérgio contou ao JC que a ‘’Primeira Coleção de Instrumentos Científicos para Oceanografia’’ está em estágio embrionário, mas o Museu tem a intenção de disponibilizá-lo via internet. O projeto consiste no armazenamento do material em um espaço físico e na criação de um catálogo com informações da área.

Para Sérgio, a conclusão do projeto de reestruturação é importante, pois o Museu, inaugurado em 1988, viabiliza a difusão da ciência, presta serviços à comunidade, bem como permite que pesquisadores, bolsistas dos programas Programa Unificado de Bolsas (PUB) e Giro Cultural da USP desenvolvam estudos no segmento oceanográfico. ‘’O Museu resgata a importância e o histórico dessa ciência tão recente, que precede outras, como a Robótica e a Física Nuclear, principalmente no Brasil’’, finalizou.