Estudos apontam melhorias nas mamografias

Apesar de aprimoramentos no combate ao câncer, prevenção da doença ainda é a melhor saída

(Foto: Liz Dórea)

Por Pedro Graminha

Os atuais exames de mama, apesar dos benéficos para o rastreamento da doença, usam raios X para a aquisição das mamografias. Embora as taxas de radiação sejam baixas, certos casos do câncer necessitam de acompanhamentos semestrais, sendo mais delicada a exposição aos raios.

Nesse contexto, pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), desenvolveram uma técnica capaz de restaurar imagens de mamografias obtidas com quantidades menores de radiação.

Segundo Marcelo Vieira, professor responsável pelo projeto, há uma relação entre as taxas de radiação e a qualidade das imagens obtidas: quanto menores, menos nítidas e mais difícil a realização de um diagnóstico preciso. “O objetivo da pesquisa foi desenvolver um método computacional de processamento digital de imagens capaz de restaurar imagens mamográficas adquiridas com menor dose de radiação para que apresente qualidade equivalente às adquiridas com dose padrão”, explica. Dessa forma, as pacientes são expostas a uma quantidade menor de raios X sem comprometer a qualidade dos exames.

A pesquisa encontra-se em fase de testes, mas os resultados estimulam a equipe. “Qualquer mudança em procedimentos ligados à área da saúde requer diversos testes para serem aplicados na prática clínica. Os testes experimentais realizados até agora mostraram o potencial da técnica proposta e dão força para que a gente inicie os testes clínicos.”, conta.

Por mais que o futuro aponte novos caminhos no combate ao câncer de mama, a prevenção e a conscientização ainda são ferramentas essenciais. Nesse sentido, iniciativas como o Outubro Rosa desempenham importante papel.

Outubro Rosa

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é um dos tipos mais incidentes da doença entre mulheres no Brasil e no mundo, correspondendo a 28% dos novos casos anuais. Em 2016 estima-se uma média de 58.000 casos detectados.

Para Angela Trinconi, médica mastologista do Instituto do câncer do Estado de São Paulo (ICESP), entre os fatores que podem influenciar no desenvolvimento da doença estão os hábitos alimentares, sedentarismo e o uso de hormônios. “São fatores que a gente aprende a visualizar, tendo condições de fazer um diagnóstico um pouco mais precoce”, explica. Nesse sentido, a partir dos 50 anos, é muito importante a realização de exames preventivos bianuais, segundo diretrizes estabelecidas pelo INCA.

Para Trinconi, as mulheres estão mais cientes da ação do câncer de mama do que antes. “Um tempo atrás, a mulher não tinha o hábito de explorar a mama. Hoje é uma coisa absolutamente normal (…) Nem falamos mais em autoexame, mas em autoconhecimento, porque a mulher precisa saber como é a mama dela para, na primeira mudança, procurar atendimento médico.”, explica.

No entanto, as diferenças socioeconômicas entre as regiões do país, de acordo com Trinconi, fazem com que os diagnósticos feitos no Brasil sejam tardios, comparado aos dos Estados Unidos e Europa. “(O movimento) é importante também para chamar a atenção das mulheres e quem sabe criar uma nova força, para exigir um tratamento melhor da saúde básica.”, finaliza.