Propriedades sofrem com o ócio e a ocupação irregular

(Por: João Victor Escovar)

Por João Victor Escovar

A reportagem do Jornal do Campus foi conferir como estavam alguns dos imóveis da cidade de São Paulo postos à venda pela USP. O primeiro deles foi o valioso terreno na rua da Consolação, localizado no número 268, próximo à praça Roosevelt. Lá, a propriedade está fechada com placas metálicas, correntes e cadeados, embora tenha sido limpa recentemente.

Para o motociclista José Gomes, que trabalha com transportes na região, o local já está “enrolado há muito tempo”, passando de estacionamento para obra e de obra para local ocioso. “Foi construída uma grande estrutura, que na época diziam que seria um prédio de mais de 15 andares. Chegaram até a fazer as bases de um estacionamento no subsolo, mas depois largaram tudo”, relata.

Gomes conta que, atualmente, o terreno não possui nenhuma utilidade, embora às vezes conte com certa fiscalização. “Hoje está parado, não acontece mais nada. Mas de vez em quando aparecem uns guardas para verificar se está tudo certo, se não tem ninguém invadindo”.

A ociosidade, inclusive, é um dos grandes problemas dos imóveis sob posse da universidade. Segundo os dados mais recentes divulgados pela USP e publicados pelo Estado, dos mais de 300 imóveis herdados, apenas quatro eram utilizados pela instituição, que alugava 88. Na região do terreno de 2400 m², por exemplo, o aluguel de uma loja de 70 m² sai por R$6 mil mensais, enquanto o de um cubículo de 2,6 m² sai por R$1,5 mil, conforme explicaram comerciantes locais ao JC.

Outro imóvel visitado pela reportagem foi um prédio comercial localizado na rua Henrique Dias, número 287, no Brás, bairro famoso por ser um grande centro popular de compras em São Paulo. Em área movimentadíssima, a oferta mínima do imóvel de 720 m² é cotada em quase R$ 4 milhões.

No local, são mantidas quatro lojas de roupas por parte de imigrantes chineses. Em uma delas, chamada Top Orange, o proprietário, que se identifica como Michel, declarou que aluga o imóvel há cerca de três anos, não quis informar o valor e afirmou desconhecer o proprietário.

“Não sei quem é o dono do prédio. Todo mês aparece uma advogada, doutora Ana, e eu pago o valor para ela. A partir daí, não sei o que ela faz com o dinheiro”, conta. Embora não tenha passado o contato da advogada, Michel declarou que não existe um acordo formal, e se surpreendeu quando questionado sobre a venda anunciada pela USP. “O que? Está vendendo? O prédio está vendendo?”, questionou.

Em outra das lojas, chamada Rebeka, os proprietários não quiseram falar, mas uma das funcionárias também demonstrou surpresa ao ser perguntada sobre a posse da USP e sobre a concorrência para a venda do imóvel.

Questionada, a Universidade, por meio de sua assessoria de imprensa, declarou que “a maioria dos imóveis herdados pela USP estão ocupados irregularmente”, mas não especificou o prédio comercial do Brás nem justificou porque essas propriedades se encontram em tal situação.