Acordo garante impressão dos jornais-laboratório da ECA

Negociação entre nova gráfica, Direção e departamento dá solução provisória à questão dos impressos

Por Giovanna Querido e Fredy Alexandrakis

Até semana passada, o futuro do Jornal do Campus, assim como de outras produções do curso de Jornalismo, era nebuloso. Conforme narrado na reportagem Valor inviável para impressão dos jornais-laboratório ganha licitação na ECA, da edição passada, a impossibilidade de o departamento cobrir os custos estabelecidos pela gráfica vencedora de pregão criou um impasse, que agora parece, ao menos provisoriamente, resolvido. O chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), Dennis de Oliveira, conta que um contrato foi fechado com a gráfica Meu Pequeno Autor, com redução de 25% no preço. O resultado é de aproximadamente 160 mil reais, ainda acima do orçamento do departamento, mas a Direção da ECA se comprometeu em cobrir os custos que ultrapassam os 126 mil reais pagos à gráfica anteriormente responsável pelos jornais, a Atlântica.

(Foto: Querido)

Contudo, a redução no preço é acompanhada de uma diminuição na quantidade de edições dos jornais: três do Jornal do Campus, uma do jornal comunitário Notícias do Jardim São Remo, uma do suplemento Claro! e uma edição da revista Babel não seriam impressas. Isso significa que antes do fim do contrato (em outubro do ano que vem) e a abertura de nova licitação, haveria uma interrupção nas impressões. Estudantes e professores seguem mobilizados na busca de saídas para essas edições. Nada está fora de questão: financiamento coletivo, patrocínio, incorporação de anúncios são algumas das ideias que surgiram para fazer valer o projeto pedagógico do curso no segundo semestre de 2018. A tentativa de conseguir mais verba pela Reitoria, proposta frustrada no período eleitoral devido ao congelamento no repasse de verbas extras previsto pelo Estatuto da USP, também se torna viável novamente.

Crowdfunding Foi lançada, no dia 20 de outubro, a primeira iniciativa dos estudantes para garantir o futuro das impressões: uma campanha de arrecadação on-line. Na época de seu lançamento, era vista como uma solução paliativa ao problema dos jornais, que se propunha a custear as últimas edições deste semestre. Agora, com o acordo firmado com a Meu Pequeno Autor, a campanha se torna uma das esperanças para salvar as edições não contempladas na redução de custos. No entanto, dos R$14.681,00 reais colocados como meta, apenas R$1.980,00 foram arrecadados até o fechamento desta edição — cerca de 13,5% do total necessário. Vídeos foram produzidos para a divulgação da causa e os alunos buscam a ajuda da mídia para compartilhá-los pelas redes sociais, já conseguindo a colaboração de páginas como Mídia Ninja e Jornalistas Livres.

Quanto à negociação conduzida pela chefia do departamento, teve recepção mista por parte dos estudantes. “Eu acho que o desfecho dessa história tem pontos positivos e negativos”, comenta Natália Belizario, aluna do sexto semestre que protagoniza um dos vídeos de divulgação. “É bom porque vamos conseguir imprimir os jornais e isso foi uma vitória nossa. Ainda assim, acho que a situação toda evidenciou pontos frágeis da ECA e da USP, como a falta de interesse em ouvir os alunos sem que seja necessário um embate”. Marcos Hermanson, também do sexto semestre e membro do Centro Acadêmico Lupe Cotrim, celebra a vitória com ressalvas similares: “não é de longe a situação ideal. É uma quantidade de dinheiro público que está sendo gasta e não deveria, porque essa licitação foi feita de forma incorreta”.