Alunos do IRI entram em greve

Decisão foi tomada após problemas no processo eleitoral para novo diretor

Por Dado Nogueira e Rafael Battaglia 

No dia 7 de Novembro, os estudantes do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI) decidiram, em assembleia estudantil, entrar em greve. Eles alegam a ilegitimidade das chapas inscritas na eleição para diretoria do instituto, devido a um alinhamento político pedagógico entre os candidatos, não havendo oposição entre eles.

Conforme o Regimento Geral da USP, a primeira fase de inscrições para eleições de institutos é restrita a professores titulares. Chapas compostas por outros tipos de professores só podem se inscrever na segunda fase, se não houver ao menos duas chapas de professores titulares participando. Porém, como afirma o integrante do Centro Acadêmico Guimarães Rosa (GUIMA), do IRI, esse código não abrange um instituto pequeno como o de Relações Internacionais, que possui apenas 3 professores titulares, sendo um – atual diretor – inelegível.

(Foto: Isabel Marchenta)

A principal reivindicação dos alunos é a retirada temporária da candidatura de uma das chapas, que permitiria a segunda fase de inscrições e, por consequência, a participação de outras chapas. Entre elas, a Chapa “Por um IRI multidisciplinar”, que foi formada com participação ativa de alunos, professores e funcionários na construção de propostas, por meio de plenárias abertas. A chapa que retirasse sua candidatura faria sua reentrada na disputa nessa mesma segunda fase de inscrições.

Segundo os estudantes, com mais opções de chapas, as eleições seriam mais democráticas, diferentemente da situação atual, chamada de “golpe” por muitos deles, por impedir a inscrição de outros candidatos.

Rotina

No dia 8 de novembro, foi organizada uma terceira plenária envolvendo os três setores (alunos, professores e funcionários) para continuar as discussões durante a greve. Ao longo da semana, diversas outras atividades foram realizadas, como um debate sobre a eleição do Diretório Central dos Estudantes da USP, um cine-debate e uma reunião com o professor Rafael Villa, candidato a vice-diretor da chapa do professor Amâncio de Oliveira.

Segundo o atual diretor, o professor Pedro Dallari, todos os docentes estão tratando o assunto com muita cautela. “Cada professor terá que analisar individualmente o impacto da greve no cronograma de suas disciplinas”, disse. Aberto ao diálogo, Dallari recebeu os estudantes e enviou um pedido às chapas para que uma delas desista temporariamente da eleição, permitindo que a terceira chapa pudesse concorrer.

No entanto, o diretor fez ressalvas quanto à paralisação dos estudantes. Ele lembra que uma greve nesta época do ano pode prejudicar alunos que estão prestes a se formar, por exemplo. Ainda não se sabe se haverá alteração no calendário letivo do IRI.

Chapas impugnadas

Na última segunda (13),o advogado dos professores associados enviou Requerimento de Impugnação às chapas dos professores Amâncio e Janina, tornando-as temporariamente impugnadas. De acordo com o Centro Acadêmico, o requerimento alega que houve desvio de finalidade na inscrição das chapas à diretoria.

O ato de impugnação, previsto tanto na Constituição Federal quanto no Código de Processo Civil, serve para expor suas razões contrárias a determinada ação. O requerimento foi enviado pela comissão eleitoral do IRI à Procuradoria Geral da USP e passará por uma consulta para avaliar o seu mérito e admissibilidade.

O que vem agora

As atividades continuarão a ser organizadas normalmente até segunda ordem. Nesta quinta (16), haverá evento conjunto na Faculdade de Medicina da USP com os estudantes de lá, que recentemente também entraram em greve sobre as estruturas de poder dentro da Universidade. Todo o calendário é atualizado pela página do Centro Acadêmico no Facebook.