Atraso na entrega dos módulos

Melhorias engavetadas por 15 anos estão prometidas para dezembro, mas demora atrapalha equipes

Por André Siqueira

No último trimestre do ano, com a chegada do verão, a rotina de treinos das Atléticas é afetada por conta das chuvas no final da tarde. Isto, porque o Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepe) não libera os campos em dias chuvosos e os módulos esportivos, espaços cobertos destinados à prática de modalidades de ginásio, estão em obras há um ano e meio. Além disso, as quadras, campos e pistas de corrida possuem uma grande demanda, o que afeta a qualidade do local e faz com que a frequência de manutenção seja maior. Em conversa com o JC, Emílio falou sobre os custos para a manutenção das estruturas e o que tem sido feito, em um cenário de redução de funcionários, para melhorar as instalações à disposição.

Funcionário durante instalação dos postes de luz no campo 4 do Cepe. (Foto: Natan Novelli Tu)

  

No Cepe, modalidades como basquete, vôlei e futsal podem ser praticadas nas quadras abertas e nos módulos esportivos. Com a reforma, as equipes passaram a treinar ao ar livre. Em dias de chuva, o piso fica molhado, o que inviabiliza a prática esportiva. Além disso, é de se destacar que o número de treinos no período entre aulas é maior. Isso torna as quadras cobertas mais disputadas, afetando a rotina de treino das equipes universitárias. Diante desta circunstância, a entrega dos módulos é primordial para a programação das atléticas.

Segundo Emílio, a obra dos módulos será finalizada em dezembro: “Vai ficar tudo zerado: telhado, piso, pintura, tatame, portas e controle de iluminação novas”. O diretor contou, ainda, que o custos foram de aproximadamente R$ 5,7 milhões: cinco milhões para o telhado e 700 mil reais para os pisos. ‘’Entendo que este tipo de obra atrapalha os treinos, mas este é um projeto que estava engavetado há 15 anos, por falta de verba, e que conseguimos viabilizar agora. Em breve, será uma novidade positiva para os atletas’’, disse Emílio.

Fideles Andrade, atleta de handebol da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e da Seleção USP, relatou como as equipes têm treinado com as obras. “ Treinamos dois dias na semana, um deles no Cepe e o outro em quadras fora da USP”, contou. Para ele, decorrem deste fato dois problemas: a qualidade dos treinos e o encarecimento da caixinha, quantia paga pelos atletas ao treinador das equipes. “Dentro da USP só treinamos quando não chove e é difícil encontrar uma quadra externa com horários e preços que atendam nossa disponibilidade”, disse. “Além disso, dividimos esta quadra com a equipe feminina, o que afeta os dois times, já que o espaço para a prática torna-se ainda mais reduzido”, concluiu.

Campos sofrem com buracos e falta de iluminação 

(Foto: Natan Novelli Tu)

Frente ao corte de gastos e o alto custo de reformas, algumas estruturas estão precarizadas, como na deterioração dos campos e no desgaste da pista de atletismo. Por outro lado, algumas parcerias com grupos privados vêm viabilizando melhorias no Cepe. Durante a semana passada, por exemplo, foram instalados quatro postes de luz LED no campo 4. Demanda antiga dos atletas, a iluminação do Centro de Práticas Esportivas (Cepe), Ainda na primeira fase da instalação – que contará com mais quatro postes para o outro lado do campo, ainda sem previsão –, o dinheiro vem da parceria com a Atlética da Escola Politécnica (Poli), que custeou todos os gastos estruturais.

O futebol e o rugby são algumas das modalidades que se utilizam do campo. De modo geral, enquanto o primeiro fica com os campos 1 e 2, o segundo fica no 4 e 5. No caso do futebol, somente um dos campos, o 1, possui iluminação. Assim, o uso acaba sendo maior e os gramados ficam mais danificados. Disso, formam-se buracos que, com o piso duro, aumentam os riscos de lesão. ‘’Há três meses, torci o tornozelo jogando no campo 1. Não levei pancada. Fiz o movimento de giro, mas meu pé ficou preso em um buraco’’, lembra Maurício Faria, atleta da equipe de futebol da Escola de Comunicações e Artes (ECA). Emílio Miranda, presidente do Cepe, conta que, na reunião da cúpula administrativa do Centro que ocorreu no último dia 19, foram apresentados os valores para a troca dos gramados. ‘’Só para o gramado dos dois campos, teríamos que gastar R$ 750 mil. Não orçamos nada sobre a energia elétrica [para os demais campos], porque a questão da obtenção de verba é um obstáculo’’, analisou. Para reduzir os custos de manutenção e melhorar a qualidade dos gramados, Maurício ponderou sobre a opção pela grama artificial. “Em um primeiro momento, pela qualidade do material, a grama sintética pode custar caro para o Cepe, mas a longo prazo, os gastos com manutenção terão uma redução significativa”, sugeriu.

O Cepe, como qualquer outro espaço da USP, tem sofrido com a crise financeira e a política de redução de gastos. ‘’Temos uma área de 520.000m², mais o espaço da raia, para administrar, mas a redução do quadro de funcionários dificulta as coisas’’, conta Emílio. Mesmo assim, o diretor conta que a equipe tem mantido a rotina de inspeções e manutenções. ‘’Em relação aos campos, todas as quintas ou sextas, a equipe de jardinagem faz a marcação das linhas e cuida da grama’’, disse.

As pistas de atletismo também são utilizadas, não só para competições, como em treinos e até mesmo para caminhada de pessoas que não são atletas. Emílio conta que, segundo a equipe de manutenção, as raias 1 e 2 são as mais utilizadas pelo público, o que tem ocasionado um desgaste acentuado, se comparada com as demais. ‘’Já passamos avisos, para incentivar a utilização das outras raias, mas as duas primeiras são mais frequentadas’’, disse. O piso do complexo de atletismo é do mesmo material das pistas profissionais e isso aumenta o preço de uma possível manutenção. ‘’Para reformar o espaço de corrida, gastaríamos R$ 3,2 milhões e é por isso que tentamos conscientizar os atletas do uso consciente. Se interditarmos, não terá como usar, então é melhor usar da maneira correta’’, ponderou.

Diante dos gastos para manutenção dos espaços, Emílio comentou sobre as medidas tomadas pelo Cepe para implementar melhorias à comunidade USP. ‘’Procuramos parcerias e eventos, que são formas de arrecadar’’, contou. ‘’A reforma do campo 4, que custou cerca de R$ 780 mil, também foi financiada pela Poli. Além disso, a academia externa que temos, por exemplo, foi viabilizada por conta da parceria com o banco Santander’’, continuou. Em relação aos eventos, segundo o diretor, o Cepe cede o espaço e recebe por isso. ‘’Embora as pessoas não gostem muito desta ideia, é uma forma viável de arrecadar, para trazer melhorias para todos’’, finalizou.