ESALQ: sem bandejão há mais de um mês, entrega de marmitas não atende a todos

USP promete a volta do serviço até 10 de setembro; até lá, a medida emergencial de marmitex contempla só quem recebe auxílio-alimentação.

Por Amanda Péchy

ESALQ Bandejão
Mesmo equivalente ao bandejão, marmita complica refeições.

No dia primeiro de agosto deste ano, o bandejão do campus de Piracicaba amanheceu fechado. A empresa que administrava o espaço passou a ser investigada em relação à merenda das escolas públicas paulistas, tornando-se impedida de renovar a licitação no fim de julho. Cerca de 3 mil alunos e alunas ficaram sem possibilidade de se alimentar no restaurante universitário. 

A Prefeitura do campus estabeleceu, como solução temporária, a entrega de marmitas para estudantes. O prefeito do campus, Fernando Seixas, incumbiu o Centro Acadêmico Luiz de Queiroz (CALQ) de avaliar quem, além dos beneficiários do auxílio-alimentação, deveria recebê-las.

A gente não vai falar quem precisa e quem não precisa”, rechaçou Thaís Toledo, presidente do CALQ. Em nota, a entidade anunciou que todas as pessoas que se alimentam no restaurante universitário deveriam ser atendidas.

Segundo o Relatório de Atividades da Prefeitura, em 2017, havia uma média de 1.200 refeições servidas no bandejão por dia. Também nesse relatório, consta que 215 pessoas recebiam auxílio-alimentação. A Prefeitura considerou inviável a entrega de mais de mil marmitas diárias, e decidiu por contemplar apenas quem recebe auxílio-alimentação

Na primeira semana de agosto, cada pessoa do grupo atendido pela medida tinha direito a apenas uma marmita por dia. A partir da segunda semana, passaram a ser fornecidas para almoço e jantar.

Arranjo emergencial

A Lei 8.666/93, que regula licitações, impede que fundos destinados a processos licitatórios sejam realocados. Para financiar as marmitas, foram utilizados recursos para serviços emergenciais, provenientes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) e Prefeitura, totalizando R$ 17.600. 

A retirada de marmitas funciona por um sistema de reservas, que podem ser feitas de uma semana a um dia antes. A entrega ocorre na Divisão de Atendimento à Comunidade, a um quilômetro de distância do bandejão.

Beatriz Odorcik, aluna de Engenharia Agronômica, não reclama da solução emergencial, pois considera a comida da marmitex equivalente à do bandejão. Ela recebe auxílio-alimentação há quatro anos, portanto, de acordo com a decisão da Prefeitura, tem direito às marmitas. No entanto, depois do fechamento do restaurante, Beatriz e outros alunos começaram a pular almoços.

E agora?

O cenário era este no início de agosto: a nova licitação poderia demorar quatro meses, mantendo o bandejão fechado durante todo o segundo semestre de 2018; uma licitação emergencial era improvável, pois a empresa vencedora trabalharia por no máximo seis meses, e ainda deveria fornecer fogões, mesas e cadeiras.

Contudo, uma licitação de caráter emergencial, encerrada em 10 de agosto com quatro propostas, garantiu um novo contrato para o restaurante. O prefeito afirmou que a vencedora foi a Padaria e Restaurante Puro Sabor e prometeu normalizar o serviço até 10 de setembro. Em atividade desde 2015, a empresa já forneceu alimento para a Unicamp (Universidade de Campinas).

A licitação regular, que entrará em vigor em fevereiro, está sendo encaminhada.