Rats se classifica antecipadamente para mata-mata da Copa Paulista de Flag

Após fracassos em 2017, equipe da Poli lidera grupo do campeonato e tem melhor resultado desde 2014

Rats, equipe de flag da Poli, durante treino. Foto: Henrique Votto

Por Bruno Nossig e Henrique Votto

Nos fundos do CEPEUSP, o Politécnica Rats, equipe da Poli de flag – uma variação mais simples do futebol americano – vive seus momentos de glória, após um ano de fracassos. Em 2017, dos seis jogos do Campeonato Paulista de Flag, o time perdeu cinco – estava sem ritmo e sem plano de jogo.

Neste ano, após a entrada do técnico Vítor César Dutra, os Rats estão no topo da Conferência Metrópolis, o grupo da Poli no Paulista. A equipe venceu quatro dos cinco jogos disputados, garantindo sua classificação antecipada ao mata-mata.

“Ano passado foi uma bagunça”

Mesmo com a conquista do Engenharíadas (Jogos Universitários disputados por faculdades de Engenharia), que contou com a primeira edição de flag no ano passado, 2017 foi o pior ano dos Poli Rats.

Treinando apenas no Areião do CEPEUSP e sem um técnico, o time perdeu os cinco primeiros jogos do Paulista, o que custou a rápida eliminação dentro da Conferência Metrópolis.

A primeira vitória no campeonato veio após a contratação do técnico Vítor César Dutra, o Mochila. Atual coordenador ofensivo do Portuguesa Lions, o melhor time estadual no full pads, Mochila conhecia os Rats, mas não “lhes dava muita bola” por não ser um fã gigantesco do flag.

“Estava passando pelos treinos e o Emoji, o então diretor de modalidade, me abordou dizendo que eles estavam buscando um treinador”, afirmou Vítor César. “Eu fiquei relutante porque estava muito ocupado, mas acabei aceitando e foi uma ótima decisão ”.

A mudança foi clara, com a equipe saindo vitoriosa logo no jogo de estreia do treinador. “Quando cheguei nos Rats eles estavam 0-5 e esperava encontrar um time ruim com pessoas que não sabiam jogar, mas fiquei surpreso, eles tinham talento”, analisou Mochila.

Mesmo com a melhora, a Poli terminou com o pior resultado desde sua entrada no Paulista. Com apenas uma vitória, a equipe terminou em 13º na colocação geral da Conferência Metrópolis e fora dos Playoffs.

Equipe se prepara para fase final da temporada. Foto: Henrique Votto

Da água para o vinho

Desde sua estreia no Paulista, os Rats lideram a Conferência Metropólis, com quatro vitórias e um revés. Falta um jogo da temporada regular, mas a Poli conseguiu a classificação antecipada para os Playoffs do torneio, lugar que não chegava desde 2014.

Desde que Mochila chegou no meio de 2017, são 5 vitórias em seis jogos do Paulista. “Ele realmente mudou o nosso time”, disse Henna, atual diretor de modalidade dos Rats. Estudante da EEFE, o treinador vê que o estudo de esporte é a principal diferença na evolução dos Rats.

“Sou um cara que estuda futebol americano, tenho experiência e estou me graduando em esporte. Tenho certeza que a principal parte é estar me graduando em esporte”, analisa o treinador.

“É necessário ter alguém que estuda todo o processo de treinamento, de ensino do esporte e que entende da relação de cada fator envolvido. Não é um trabalho simples, não é fácil”, concluiu.

A melhora também foi influenciada pela mudança no local de treino: o time passou a usar o campo do CEPEUSP, que é pago pela Associação Atlética Acadêmica Politécnica (AAAP), com um custo de 120 reais por dia. Mesmo com a ajuda, as despesas da equipe ainda são altas.

Quando mandante dos jogos do Campeonato, o time precisa pagar o aluguel da quadra, a pintura das linhas do jogo e custear as enfermeiras. “A verdade é que não vale a pena ser mandante, temos que arcar com diversos custos e não temos torcida” revela Henna.

As lesões também atormentam o time, com alguns jogadores se aventurando na prática dos full pads, que possui contatos mais agressivos. Dos aproximadamente 40 atletas do time, sete também são comandados por Vítor César na Portuguesa Lions. Dos quatro jogadores dos Lions presentes no treino de 23 de agosto, três estavam lesionados.

Mesmo assim, os Rats vivem uma situação inédita: um favoritismo dentro do Campeonato Paulista. “Realmente, nunca estivemos tão bem assim”, brinca Emoji.

O último jogo antes do mata-mata será disputado no dia 02 de setembro contra o Silver Knights Football, sexto colocado na Conferência Metrópolis.

Flag é variação mais simples e menos agressiva do futebol americano. Foto: Henrique Votto

Como surgiram os Rats?

Primeira equipe de futebol americano da USP, o Poli Rats surgiu em 2011, fruto da paixão de um grupo de alunos pela bola oval. Os “ratos” – referência ao mascote da Escola Politécnica – tiveram sucesso cedo, chegando a semifinal do Paulista logo em 2013, ano de sua estreia no campeonato. Além disso, ajudaram a criar a Liga Universitária de Futebol Americano (LUFA), torneio que venceram em três oportunidades.

A intenção inicial dos Rats era jogar o futebol americano tradicional, também conhecido como full pad, mas a equipe desistiu devido ao alto preço dos equipamentos.

A solução foi se qualificar em uma variação mais simples e acessível da modalidade, o flag. Nele, todo o material do full pad (capacete, ombreira, calça de proteção e protetor bucal) é substituído por um cinto, no qual estão presas fitas (flags) às laterais do corpo.

Para interromper uma jogada (down), é necessário que o jogador de defesa retire uma dessas fitas do atacante em posse da bola, que o passe seja incompleto ou interceptado. O conhecido tackle, ação em que o defensor derruba o atacante no chão para interromper a jogada, é sinalizado como falta.

Poucos alunos da USP conhecem o flag, o que dificulta a rotatividade do time. “A gente sempre tem que estar renovando. Esse ano, por exemplo, entraram quatro pessoas e isso é muito”, comentou Henna.