Aluna da USP de Ribeirão Preto recebe prêmio de neurociência

Foto: Arquivo pessoal

Ana Carolina Medeiros, graduanda de biologia, foi premiada por seu estudo das relações entre dor crônica e depressão

Por Thais Navarro

Ana Carolina Medeiros, 22, graduanda de Biologia da USP de Ribeirão Preto, recebeu o Prêmio Jovem Neurocientista 2018 na última edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, em Santos, São Paulo.

A pesquisa de Ana Carolina, desenvolvida em sua Iniciação Científica, aborda pontos clínicos muito importantes, como a depressão e a dor crônica. Desenvolvida majoritariamente na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), tem como objetivo central, segundo sua autora, estudar a relação de comorbidade (a associação entre duas ou mais doenças) entre a dor crônica e a depressão. “É sabido que  existe essa relação, mas ainda não se entende muito bem como ela acontece”, diz.

A estudante observou que uma área específica do cérebro — o córtex pré frontal medial — é de fundamental importância nos processos de estabelecimento da comorbidade. Além disso, utilizando a migalina, molécula sintética semelhante às encontradas em aranhas, Ana observou um resultado positivo. “Esta molécula, produzida pelo Instituto Butantã, atenua os componentes tanto da dor crônica quanto dos comportamentos do tipo depressivo dos animais que foram tratados”, diz. “Sabemos que a migalina atua nessa relação, mas não se pode dizer que atua diretamente na depressão”.

A estudante recebe seu prêmio em uma época em que a ciência no país sofre, sobretudo após o corte de verbas de pesquisas do Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) previsto para a Lei Orçamentária de 2019. Para Ana, os cortes são preocupantes “porque isso é a base que sustenta a pesquisa no Brasil. Sem essas bolsas e estes investimentos, não tem como ter ciência”.

Ana menciona, ainda, a falta de atenção da própria sociedade para o tema. “As pessoas não percebem a importância, mas a ciência é a base para tudo. Tudo que temos hoje, em qualquer âmbito, é ciência”, diz. “Mas falta estímulo para a população ver que precisamos da ciência e que ela é essencial”. Ana explica que mais eventos científicos de divulgação, promovidos também nas escolas, são cruciais.

Ana foi orientada pelo professor Renato Leonardo de Freitas (FMRP), com a colaboração dos professores Norberto Cysne Coimbra (FMRP), Wagner Ferreira (da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP) e Pedro Ismael (do Instituto Butantã). A pesquisa teve apoio financeiro e fornecimento de equipamentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).