USP Júnior encerra atividades e dá lugar ao “futuro do MEJ paulista”

O evento Desperte proporcionou o primeiro momento de contato nessa nova realidade / Crédito: Gabriel Bastos

Núcleo de empresas juniores criado em 1993 abrirá espaço a outros quatro núcleos no estado

Por Gabriel Bastos

Após 25 anos, o Núcleo de Empresas Juniores da USP encerra suas atividades em 2018. Desde sempre organizada por alunos, a USP Júnior, como era chamada, dará lugar a uma nova organização do movimento das empresas juniores paulistas.

Antes divididos por instituições de ensino, como Núcleo Unicamp e Núcleo Unesp, no novo formato, válido para todo o estado, os núcleos serão organizados por regiões, englobando diversas universidades e suas empresas.

São Paulo, São Carlos, Bauru e Campinas foram os polos escolhidos como centros dos novos núcleos. Dessa forma, as empresas deverão aderir ao núcleo que estiver mais próximo. Até o fim do ano, a direção da USP Júnior irá organizar e promover a primeira integração do Núcleo São Paulo.

Os núcleos seguem a tendência do Movimento Empresa Júnior (MEJ) no Brasil, com instituições que promovem suporte, treinamentos e estímulos para que as juniores se desenvolvam, com equipes formadas por diversos empresários iniciantes.

O propósito nessas organizações sempre foi a formação de redes dentro do MEJ, conforme explica Yuri Trigo, coordenador de relações institucionais da Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo. “Sempre foi buscada essa conexão, de aproximar essas pessoas e empresas, para que elas aprendessem umas com as outras. As instâncias surgiram muito nesse contexto”.

Reorganizar é preciso

Foi com isso em mente que alunos da USP se organizaram e criaram o núcleo de empresas juniores da USP em 1993, conforme conta Isabella Grisi, atual Presidente do Conselho da USP Júnior, aluna de psicologia no campus de Ribeirão Preto.

Ela afirma que a ideia era “aproximar as empresas, criar um vínculo e pensar ações conjuntas, como encontros periódicos”, num contexto em que, apesar de recente, contava com diversas empresas.

Contudo, após a consolidação desse modelo, depois de mais de duas décadas, problemáticas têm sido levantadas nos últimos anos. O próprio tamanho dessa rede é considerado prejudicial em alguns pontos, por dificultar o contato entre empresas muito distantes. Essa é uma das motivações que levaram todo o movimento paulista a se reorganizar.

Os modelos de núcleos regionais, de acordo com Yuri, foram criados com o intuito de melhorar a representação e o desenvolvimento da rede. Em trocas de experiências com outros estados, foram relatados melhorias nos resultados das empresas nucleadas, assim como no suporte prestado por esse Núcleo. Também foi possível evitar um “re-trabalho”.

Geral e particular

Com essas mudanças, contudo, perde-se a identidade da USP no grupo, até pela inclusão de outras universidades, inclusive algumas particulares. Mas Isabella crê que o contato entre as empresas da USP de diferentes regiões não será prejudicado:

“Hoje já existe uma relação próxima, então se precisar de alguma coisa, vão recorrer às empresas juniores da USP que já se conhecem”. Por outro lado, a presidente do conselho afirma que é interessante “extrapolar essa marca USP que a gente carrega”. Ainda de acordo com ela, o contato com empresas de instituições diferentes da mesma região é benéfico por possibilitar novas oportunidades.

No último fim de semana de setembro, todos os núcleos regionais tiveram sua inauguração “simbólica”. O início definitivo será em 2019. O evento Desperte proporcionou o primeiro momento de contato nessa nova realidade. Em meio à muitas palestras e conversas, as empresas se conheceram, entenderam e discutiram a inserção nas novas redes por todo o estado.

Porém, apesar das mudanças, algumas situações permanecem. A USP está no topo do ranking das instituições mais empreendedoras e, para Isabella, muito disso se deve ao MEJ, por mais que a universidade não dê muito apoio. Além disso, o Movimento também permanece com sua insana cultura de trabalhar cada vez mais, com o objetivo de atingir seus “mais e melhores projetos”.