Ministério Público cobra providências que, segundo a direção, estão sendo tomadas. Risco de acidentes é grande
No 31 de outubro, o Ministério Público concedeu uma liminar preocupante em relação ao Museu do Ipiranga, determinando medidas emergenciais “a fim de se atenuar o risco de novas tragédias”. O documento faz referência aos vários incêndios de museus brasileiros nos últimos anos. Qualquer semelhança ao que se via no Museu Nacional, antes de ser consumido pelo fogo, não é mera coincidência.
Responsáveis pelo museu, a USP e o Estado de São Paulo foram obrigados a realizar uma série de reformas urgentes no prazo de 15 dias, sob consequência de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento. Ao todo, foram 15 exigências de reparo.
Uma vistoria constatou graves problemas no forro e nos pisos de madeira, obrigando a interdição de salas sob risco de desabamento. O laudo também registra extintores vencidos, fiações elétricas indevidamente energizadas, algumas superaquecidas e com risco de curto circuito, além da presença de material inflamável.
De acordo com o laudo, cerca de 40% do acervo ainda permanece no museu. O Ministério Público ressalta a proximidade do verão e, com ele, chuvas torrenciais, que podem agravar as infiltrações e a possibilidade de curto circuito.
Em nota, o Museu informou que deu início às ações propostas pela decisão judicial, descartando materiais inflamáveis, desligando a energia de locais sem circulação de pessoas e contratando a recarga dos extintores de incêndio. Os responsáveis refutam, contudo, a possibilidade de desabamento e dizem que as reformas estruturais estão previstas no projeto de restauro.
Ainda sobre a liminar, a direção do Museu disse que a transferência do acervo de 450 mil peças está em fase final, restando cerca de 10 mil itens no interior do prédio, e que as demais providências do Ministério Público estão sendo atendidas.
O prédio histórico do Museu do Ipiranga está fechado desde 2013, depois que problemas na estrutura da construção foram constatados. A partir de então, as portas não mais se abriram para o público, que hoje só frequenta a área externa de entretenimento no Parque da Independência.
A USP planeja total recuperação do monumento até 2022, para reabertura no ano do bicentenário da Independência do Brasil. Inaugurado em 1895, o Ipiranga é o mais antigo museu público da cidade de São Paulo, símbolo da Independência e abrigo para peças históricas relacionadas ao período. Entre os objetos mais famosos, está o quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo.