O rugby masculino da Poli tem privilégios no Cepe

Time usufrui de privilégios como a entrada de não alunos no centro esportivo e reservas fixas

No dia 30 de novembro de 2017, foi finalizada a reforma do campo 4 do Centro de Práticas Esportivas da USP. As luzes e as traves do espaço foram aprimorados com a ajuda de um financiamento de R$ 750 mil reais doados através de uma parceria público-privada, segundo informações obtidas no Cepe. Os responsáveis pela prospecção desses doadores foram a Associação Esportiva Politécnica de Rugby, da Escola Politécnica da USP.

Como forma de compensar os atletas por essa “mãozinha”, a direção do Cepe, encabeçada por Emílio Miranda, permite alguns benefícios à equipe. Um bom exemplo é a carteirinha diferenciada que os não-alunos pertencentes ao time possuem.

Elaborados na sala 7 do velódromo do Centro, esses documentos custam R$ 48 reais por atleta. Eles permitem que pessoas sem ligação com a Universidade entrem e saiam do Cepe, durante os horários de treino, como se fossem associados. Questionada sobre as carteirinhas, uma das mulheres que trabalham nessa mesma sala enfatizou que esse atalho não serve para os outros times, mas só para “a associação de rugby da Poli”. Segundo ela, atletas de fora da USP não podem sequer entrar no Centro – a não ser que sejam dessa equipe. Sem essa medida, o grupo seria muito prejudicado.

A associação se divide em duas metades: o clube, que disputa campeonatos maiores e mais conhecidos, e o grupo universitário, que joga em torneios contra outras instituições de ensino. Só no clube, 12 atletas são “externos” à USP – ou seja, não têm ligação com a Universidade. Sem eles, o desempenho da equipe, que é a atual campeã nacional, poderia ser muito diferente.

O time politécnico não é o único a possuir atletas de fora dos limites uspianos, caso também do Rugby USP, equipe feminina da modalidade. No entanto, a Poli é a única que consegue colocar esses jogadores para dentro dos portões do Cepe de forma regular.

Mais privilégios

Além desse privilégio, há outros recebidos pela associação da Escola Politécnica. Por exemplo, o campo 4 foi batizado de Arena Poli Rugby (segundo o site especializado Portal do Rugby), e o grupo politécnico tem reservas fixas para utilizá-lo. “Lógico, se você investe, seu time tem que ter uma garantia que pode treinar lá aquele dia. E jogar, quando o mando deles é aqui”, explica Emílio Miranda.

Para os outros times e institutos da USP, no entanto, as reservas devem ser feitas mensalmente e com base em uma espécie de rodízio entre as equipes. “A Poli tem a prioridade né? Vamos supor que a Farmácia quer fazer um treino no mesmo horário. A gente fala ‘Não, vocês não vão poder, porque já está autorizado para a Poli’”, reitera o diretor do Centro.

De terça e quinta à noite e em todo sábado em que tiverem jogos marcados, o grupo pode contar com a utilização exclusiva do espaço. Esses termos estão assegurados em um documento chamado “termo de permissão de uso”, conforme diz Emílio Miranda.

O diretor explica que esse termo é um convênio que permite o uso de uma instalação do Cepe por um determinado tempo mediante o pagamento de uma taxa. No caso do Poli Rugby, a justificativa para a concessão excepcional do campo acontece “por todo o investimento que é feito, não só a iluminação. Eles colocaram traves. Foi tudo eles”, esclarece Emílio. O acordo também permite que a equipe possa receber adversários de fora USP em competições não vinculadas à Universidade, medida que também não se estende a todos os times do campus.

O Jornal do Campus tentou ter acesso ao termo de permissão de uso relacionado à utilização do campo 4 pela Associação Esportiva Politécnica de Rugby, mas até o momento da publicação desta matéria, não obteve resposta.

Emílio também não acredita que os benefícios que a equipe recebe sejam considerados privilégios, ou que os outros times da USP estejam sendo injustiçados. “De segunda, quarta e sexta, o campo está disponível para qualquer atlética, é só reservar. E nós ganhamos um campo iluminado que não tínhamos”, defende o diretor, que expressa o desejo de que outras modalidades fossem iguais ao time da Poli em termos de comprometimento com o esporte.

Quando questionados sobre a presença de atletas não vinculados à USP no Cepe durante os horários de treino, a equipe de rugby assegurou que todos o seus jogadores possuem carteirinha de associado conforme as regras, e que o processo não passa de procedimento padrão no Centro.

Do ponto de vista do presidente do time, Pedro Mantovani, a Atlética Politécnica respeita as regras de utilização do campo como todas as demais, já que o grupo também paga pelo tempo gasto no espaço. Além disso, ele reafirma o convívio harmonioso entre as equipes da USP: “As atléticas em geral têm bem definidos seus horários de treinos, justamente para facilitar a organização dos campos”.