Chuva estraga equipamentos e interdita salas na FFLCH

Locais de estudo, pesquisa e docência não podem ser usados; não há data certa para resolução dos problemas

Por Laura Raffs

Foto: Laura Raffs

Enquanto andava pelo corredor até a sala de estágio, ele não esperava que uma parte do teto fosse cair na sua frente. Mas foi o que aconteceu com um dos alunos de graduação quase atingido pelos buracos no teto do Departamento de Ciência Política (DCP) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Por conta das fortes chuvas nos dia 26 e 27 de fevereiro, parte do teto do prédio de Ciências Sociais cedeu, interditando o local onde estão localizados o Núcleo de Estudos Comparados e Internacionais (NECI) e o Centro de Estudos da Metrópole (CEM), além de salas de professores, de estudo e laboratórios da pós-graduação.

Joyce Luz, doutoranda em Ciência Política e representante discente, conta que os próprios alunos, professores e funcionários do Departamento tiveram que retirar os equipamentos das salas às pressas para que não fossem danificados, pois não tinham técnicos disponíveis para realizar o trabalho.

“Caia água pelas lâmpadas, pelas paredes e tinham goteiras em toda a sala. Uma lâmpada chegou a estourar”, relata Ana Beatriz Dutra, mestranda em Ciência Política.

Pesquisas paradas

Além dos prejuízos físicos das salas e perda de dois computadores, os núcleos de pesquisa estão sem a estrutura necessária para realizarem seu trabalho. O NECI e CEM tiveram que ser realocados para laboratórios de informática, ambientes que precisam ter seus horários de uso intercalados com aulas e atividade da graduação e pós-graduação.

Para se ter uma ideia do prejuízo com a paralisação das pesquisas, o Núcleo de Estudos Comparados e Internacionais fornece dados sobre a relação do poder Executivo com o Legislativo para universidades, professores, imprensa e outros solicitantes.

Porém, é impossível prosseguir com as pesquisas sem acesso aos softwares necessários para realizar a coletas de dados e um local para organizar reuniões e coordenar os projetos em equipe.

Prazos continuam correndo

Um dos trabalhos que o NECI realizaria, e agora não pode realizar, seria a coleta de informações sobre os parlamentares que assumiram o mandato e acompanhamento da tramitação de projetos de lei, inclusive da Reforma da Previdência.

O Centro de Estudos da Metrópole realiza pesquisas relacionadas às transformações sociais, econômicas e políticas das metrópoles contemporâneas.

Eles possuem outra sala no prédio de Ciências Sociais, utilizada para fins administrativos, e também têm sede na CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Esses locais estão sendo utilizados excepcionalmente pelos pós-graduandos do CEM.

Apesar das pesquisas do grupo não terem sido paralisadas, o andamento dos trabalhos individuais foi prejudicado pela falta de um espaço de trabalho.

“Sem um local fixo, acontecem perdas em termos de vivência, sociabilidade e troca dos grupos”, afirma Eduardo Lazzari e Marilia Rolemberg Lessa, alunos de pós graduação do DCP.

Outro agravante é que os dois grupos de pesquisa são financiados pela FAPESP e, mesmo com os imprevistos causados pela chuva, os prazos para apresentação de resultados continuarão correndo.

Prédio novo, problema velho

Joyce Luz mostra uma das salas danificadas. Foto: Laura Raffs

O prédio das Ciências Sociais é provisório desde os anos 60. A área atingida, contudo, foi construída em 2002 e tem histórico de infiltrações. Segundo a secretária do Departamento de Ciências Políticas, Márcia Regina Gomes Staaks, o problema é causado pelas calhas, que são muito estreitas e não suportam o volume de água das chuvas.

Há também entupimentos causados pela quantidade de folhas que caem dentro delas, o que faz com que a água acumule e infiltre no edifício. Por conta das fortes chuvas de verão e a queda de folhas na calha, a água ficou acumulada, o revestimento de isopor do teto, que é feito de isopor por uma questão estética, não aguentou e cedeu.

Para tentar resolver a situação, o Departamento de Ciência Política reuniu em um dossiê depoimentos de alunos da graduação, pós graduação e professores sobre os prejuízos para as pesquisas e trabalhos individuais, encaminhado para a Diretoria da FFLCH.

Como resposta, foi enviado um e-mail em 28 de fevereiro informando que as calhas foram limpas, e as telhas quebradas, substituídas. Houve a contração de uma empresa para diagnosticar a situação das coberturas dos três edifícios didáticos da Faculdade e contato com o Superintendente de Espaço Físico – SEF – para solicitar engenheiros para uma visita técnica.

Demora um pouco

Após um mês do problema, não há previsão de quando as salas poderão ser ocupadas novamente. Além dos buracos, que ainda não foram tampados, o revestimento de gesso do teto está caindo, proliferando mofo pelas paredes. A fiação elétrica também pode estar danificada por conta do contato com a água.

Segundo Juliana Maria Costa, assistente administrativa da FFLCH, a manutenção das calhas foi feita no início do ano. Porém, por conta da grande quantidade de folhas que caem nas calhas e sua espessura, o serviço teria que acontecer uma vez por semana para evitar as infiltrações.

Como resolução, foram contratadas três empresas que analisaram o local e propuseram medidas para sanar os problemas, como instalar telas nas calhas para evitar o entupimento pelas folhas. A proposta financeira está sendo avaliada, com previsão de resultado para esta semana. “O procedimento legal e burocrático precisa ser realizado. Isso demora um pouco”, afirma.