De amor temos vivido

Por Larissa Santos

Pesquisar o termo “USP” nas redes sociais rende um bocado de resultados peculiares. Podemos separar os falantes em três grupos: os que desejam ser, os que são e estranhos que falam demais.

Aos que desejam adentrar os corredores da maior universidade, os abraçamos na edição anterior. Esta universidade pública tem se esforçado para cada vez mais conseguir envolver o mais diverso aluno. Mas o desejo é que fiquem, e entramos no segundo grupo.

Os uspianos que aqui convivem, depois da lua-de-mel do primeiro mês de aprovação, lidam com espinhos de um relacionamento doce e imperfeito. A sala de aula que tem um buraco no teto devido à chuva é impossível de não ver. A falta de cadeiras e até de professores se torna incômoda. Foi tão difícil o passaporte de entrada para se deparar com tantos desencantos.

Charge: Keryma Lourenço

É perceptível também, que além do leque gigante de cores e gêneros que habitam cada prédio, convivem cachorros, capivaras, aranhas e um ecossistema que está em busca de equilíbrio. Quanto mais diverso, mais pediremos de diretores, administradores e reitores que nos ouçam e nos atendam. Cada estudante é um pouquinho da USP.

Os uspianos continuam e querem mais. As demandas não são mais do que precisamos. Queremos que o uspiano morador do Crusp possa cozinhar quando quiser, porque tem fogões suficientes para todos. Queremos que o uspiano cadeirante possa caminhar, sem ter que dar voltas e voltas para encontrar uma rampa. Que a uspiana negra tenha que se esforçar tanto quanto qualquer outro estudante para conseguir destaque na academia.

Os mais de 100 mil estudantes permanecem e exigem mais para que a USP se torne mais. Porque o sonho do diploma, do título de doutor e do futuro vibra em cada um.  Se de amor temos vivido, é por ele que vamos exigir permanecer.

Nesta edição questionamos erros de investimento, apontamos problemas de infraestrutura, sentimos na pele a doçura de uma extensão universitária, as dúvidas de alguém que rebixa e  viajamos alguns quilômetros para conhecer os uspianos de São Carlos e as dores de uma tragédia em uma escola estadual de Suzano.

Ps: Ao terceiro grupo citado acima, desejamos que ela continue aberta, sem muros ou catracas para que tenham a liberdade de usufruí-la quando desejado.